No início da noite de 10 de novembro de 1975, o navio graneleiro americano Edmund Fitzgerald desapareceu nas águas do Lago Superior, uma das cinco gigantescas porções de água doce que formam os Grandes Lagos Americanos, na divisa entre o Canadá e os Estados Unidos. Quatro dias depois, ele foi encontrado no fundo do lago, dividido em duas partes.
Todos os 29 ocupantes do navio morreram, sem que tivessem tempo sequer de pedir socorro.
O que teria acontecido com aquele grande navio, que tinha 220 metros de comprimento e era o maior da região? Por que ele se partiu em dois, se era considerado o mais seguro e confiável dos navios que operavam nos Grandes Lagos? O que teria causado tamanha tragédia?
Perguntas sem respostas
Há exatos 50 anos, estas e outras perguntas ainda intrigam os americanos, que sempre consideraram o Edmund Fitzgerald uma espécie de Titanic dos Grandes Lagos – tanto pela imponência do navio, que tinha o comprimento de dois campos de futebol e casco de aço com uma polegada de espessura, quanto pelas circunstâncias misteriosas que envolveram o seu naufrágio.
Por que o Edmund Fitzgerald afundou tão rápido? Por que a tripulação não pediu socorro? E por que ele se dividiu em duas partes? Nunca ninguém teve essas respostas, embora diversas teorias tenham sido criadas por especialistas e curiosos em geral, já que o trágico destino do Edmund Fitzgerald se tornou uma espécie de obsessão para os americanos.
Última refeição
Na última segunda-feira, por conta dos 50 anos do naufrágio, o assunto voltou à tona, com força total. Uma legião de fanáticos pelo caso e descendentes das vítimas do naufrágio peregrinou até a pequena cidade de Whitefish, no estado de Michigan, à beira do lago Superior, onde fica o Museu dos Naufrágios dos Grandes Lagos, para participar de uma série de eventos e homenagens pelos 50 anos da tragédia.
Entre outras atividades, houve visitas guiadas ao interior de outra embarcação semelhante ao Edmund Fitzgerald, lançamento de mais um livro sobre o caso, degustação de uma cerveja especialmente criada em homenagem ao naufrágio, apresentação de um documentário com debates entre pesquisadores e historiadores, e um jantar de gala, no qual foi servido o mesmo prato da última refeição das vítimas: galinha com páprica.
Música sobre o naufrágio
Em seguida, aconteceram outras duas cerimônias, bem mais tocantes. Pontualmente às 19h15, horário exato da última comunicação entre o capitão do Edmund Fitzgerald, Ernest McSorley, e o comandante de outro navio, o farol ao lado do museu de Whitefish emitiu um melancólico facho de luz sobre o lago. Ao mesmo tempo, a cantora Meredith Moon entoou a canção “O naufrágio do Edmund Fitzgerald”, composta por seu pai, Gordon Lightfoot, um ano após o naufrágio.
Enquanto isso, na cidade de Detroit, a principal igreja tocou o sino 29 vezes, em homenagem aos 29 marinheiros mortos na tragédia.
Só resgataram o sino
No museu de Whitefish repousa a única peça retirada dos escombros do naufrágio: o sino do Edmund Fitzgerald, que foi substituído por outra peça idêntica, com os nomes das 29 vítimas gravados nela. Desde então, retirar objetos dos restos do Edmund Fitzgerald é proibido, pois o naufrágio é considerado um santuário.
“Para nós, o Edmund Fitzgerald é como um cemitério submarino, e não se saqueiam túmulos”, explicou o curador do museu de Whitefish. “É certo que nada teria acontecido com o Edmund Fitzgerald não fosse a intensidade daquela tormenta. Mas o que exatamente causou o naufrágio, e por que ele afundou tão rápido, são perguntas que, talvez, jamais tenham uma resposta”, disse o curador em seu discurso emocionado na cerimônia.
Fonte: https://www.uol.com.br/nossa/colunas/historias-do-mar/2025/11/12/50-anos-depois-naufragio-do-titanic-americano-gera-homenagens-nos-eua.htm
