Série ‘O Urso’ Bate Recordes e Inspira Chefs Brasileiros com Seus ‘Inegociáveis’

Gente, olha só que babado! A série O Urso já bateu recorde de indicações no Emmy, recorde de visualizações na estreia da terceira temporada e tá recebendo críticas super positivas por sua veracidade, tanto da galera da TV quanto das cozinhas. Até o chef Alex Atala elogiou em entrevista.

Apesar de alguns ‘exageros necessários para a TV’, como diz Rodrigo Oliveira, chef do Mocotó, as comparações do drama com a vida real estão deixando os foodies (e não foodies) alucinados.

Nos trailers e propagandas que estão bombando nas redes sociais, mesmo quem ainda não assistiu pode ver Carmen Berzatto (Jeremy Allen White) fazendo uma lista de ‘inegociáveis’ na cozinha. Tipo, itens essenciais para que o trabalho seja top e a equipe não perca o foco na correria do dia a dia.

Os inegociáveis de O Urso – Reprodução (750×1)

Na lista estão regras como ‘buscar sempre a excelência’, ‘detalhes importam’ e ‘menos é mais’, que devem ser seguidas sempre.

Mas será que essas regras também valem nos restaurantes da vida real? Alguns dos chefs mais top do momento contaram seus ‘inegociáveis’:

Rodrigo Oliveira, do Mocotó

Rodrigo Oliveira, chef do restaurante Mocotó – Ricardo D’Angelo/Divulgação (750×1)

Rodrigo Oliveira, que colocou a comida do sertão nordestino no mapa da gastronomia mundial, é conhecido por fazer uma cozinha brasileira de alto nível sem perder suas raízes. Ele listou seus ‘inegociáveis’ assim:

  • Buscar a excelência da forma mais inclusiva possível. ‘Acomodar os custos da excelência na exclusividade é mais fácil, mas nunca vou abrir mão de oferecer a melhor experiência ao maior número de pessoas possível’, diz ele.
  • Tradição não é intocável. Ela pode ser vista como guia, mas nunca como amarra. Ela deve ser revista. Que o diga o sucesso do dadinho de tapioca.
  • Estar na Vila Medeiros. ‘Querer exaltar nossas origens – o sertanejo, a quebrada – nos levou a criar uma linguagem universal para mostrar que a cozinha regional pode e deve ser entendida como de valor gastronômico.’
  • Hospitalidade é o centro do nosso negócio. ‘E para cuidar de quem vem nos visitar é preciso cuidar antes de nós mesmos e de quem está sempre com a gente. A família, a equipe, os prestadores de serviço, os fornecedores’, explica o chef, para quem o maior acerto da série O Urso mora na diversidade retratada na equipe de cozinha, com pessoas que ‘caíram ali por acaso’, imigrantes que trabalham na área por necessidade, e outros que são apaixonados pela profissão, ‘que estudam e sonham com isso o tempo todo’.

Jefferson Rueda, d’A Casa do Porco

Jefferson Rueda, d’A Casa do Porco – Divulgação (750×1)

Jefferson Rueda, do 27° melhor restaurante do mundo pelo 50 Best Restaurants 2024, tem como ‘inegociáveis’ atitudes que começam antes do trabalho na cozinha:

  • Ter uma faca bem amolada.
  • Estar com o uniforme sempre limpo e bem passado.
  • Saber trabalhar em equipe.

‘Se um profissional não tem essas três características básicas, ele não se adapta ao nosso time. Não preciso nem saber se ele sabe fazer outras coisas’, diz Rueda.

Telma Shiraishi, do Aizomê

Telma Shiraishi, chef e proprietária do Aizomê – Keiny Andrade/UOL (750×1)

Telma Shiraishi, do Aizomê, segue valores e filosofia japonesa para criar a cultura de trabalho e identidade do restaurante. Ela listou os seguintes preceitos:

  • Omotenashi: dar sempre o melhor para proporcionar experiências significativas, com atenção aos detalhes e antecipação de necessidades, de forma desprendida.
  • Kaizen: melhoria contínua, com a busca na evolução profissional, pessoal e social.
  • Mottainai: filosofia de não-desperdício que vale para o aproveitamento integral dos alimentos, mas também aos recursos naturais, objetos e itens do cotidiano, ao tempo e à energia pessoal.
  • Kansha: exercitar constantemente a gratidão em ações de gentileza e ajuda para com pessoas, oportunidades, lugares e aprendizados.
  • Omoiyari: sentimento e consideração pelo próximo exercendo a empatia.

‘Isso é algo que considero cada vez mais relevante hoje em dia, com tantos desafios pessoais na esfera da saúde mental. Não significa ser plenamente altruísta, mas, de forma realista e compreensiva, buscar a expansão de sua realidade para abraçar a do próximo – seja cliente, colegas de trabalho e pessoas de seu relacionamento pessoal ou que simplesmente encontramos em nosso dia a dia. É ter a consciência do outro e incluir a compaixão e a tolerância em nossas ações e pensamentos’, explica Telma.

Para ela, que assistiu apenas aos primeiros episódios da série O Urso, o mais importante é inspirar as pessoas com quem trabalha com os princípios acima. Não que o ‘pacote básico de habilidades’, que inclui foco, trabalho duro, dedicação, organização, pontualidade, respeito não seja essencial. ‘Técnica e precisão a gente desenvolve’, garante.

Maurício Santi, do Ping Yang

Maurício Santi – Pedro Ferrarezzi (750×1)

Maurício Santi, dono do badalado Ping Yang, tem como inegociáveis ‘o básico e mandatório para qualquer profissão’:

  • Pontualidade: ‘Só chegue atrasado se algo realmente muito grave acontecer, pontualidade é o cartão de visitas.’
  • Uniforme em perfeitas condições: ‘Ainda hoje eu mesmo lavo e passo meus uniformes. Desleixo é inaceitável.’
  • Faca afiada: ‘Não importa a faca, pode ser simples e barata, deve estar afiada sempre.’
  • Trabalho em equipe: ‘Sozinho ninguém faz nada. Ou todos juntos, ou todos juntos, não tem outra opção.’
  • Foco e silêncio durante o trabalho.

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