Gente, olha essa! O historiador italiano Alberto Grande soltou uma bomba: ‘Sem a mítica pizza de São Paulo, a pizza de Nápoles não seria tão famosa ao redor do mundo’. Isso está no livro dele, ‘As Mentiras da Nonna’, que acabou de ser traduzido pela Todavia.
No livro, Alberto defende que os grandes ícones da cozinha italiana tiveram suas histórias construídas há cerca de 50 anos. Ele desmistifica aquelas histórias românticas dos nossos antepassados super orgulhosos da comida deles.
Quer um exemplo? Segundo Alberto, a pizza era comida das classes baixas e trazia vergonha aos cidadãos de Nápoles. A tese principal é que esses pratos só ganharam status quando os italianos começaram uma nova vida em outros países e, sem querer, criaram uma ideia coletiva de identidade — adaptando ou inventando novos pratos.
Aqui no Brasil, o primeiro navio de imigrantes italianos chegou há 150 anos. Se os 311 dias de 2024 foram suficientes para a ‘little Italy’ paulistana ganhar novos restaurantes, cardápios e festivais, mais de 54 mil dias foram o bastante para criar e recriar receitas que definem o que é ser italiano e paulistano.
Bráz
Até o dia 30, o grupo está celebrando os 150 anos de imigração italiana com receitas especiais na 10ª edição do festival Fora de Série. Nas pizzarias, a ‘amatriciana da romano’ destaca o trabalho do italiano Andrea Romano na importação de embutidos, combinando tomate San Marzano, fior di latte, guanciale e pecorino sobre uma massa com bordas tostadinhas (R$ 139).
Vai lá: Rua Apucarana, 1572, Tatuapé. @brazpizzaria
Mesa III
Ana Soares trouxe de volta um dos almoços mais deliciosos da cidade. Com operação interrompida pela pandemia, a refeição é servida no quintal do pastifício, cheio de plantas, ombrelones e simpatia. Aproveite com calma e uma taça de vinho massas como o ravióli-plin de abóbora na manteiga de sálvia (R$ 45). Antes de ir embora, confira as opções para levar.
Vai lá: Rua Dr. Paulo Vieira, 21, Sumaré. @mesa3_pastificio
Moma Jardins
Uma esquina da Oscar Freire é a sede da terceira unidade do restaurante, que bomba no Itaim Bibi e em Pinheiros. Com projeto assinado por Octavio de Sanctis e reforma de R$ 6,5 milhões, o lugar de 600 metros quadrados é um luxo. O cardápio segue o que há nas outras casas. Está garantida a dourada lasanha de vitelo com trufas e creme de Grana Padano (R$ 98).
Vai lá: Rua Oscar Freire, 497, Jardim Paulista. @modernmammaosteria
Temperani Trattoria
Nova investida do Grupo Vila Anália, o restaurante tem o prestigiado chef italiano Antonio Maiolica no comando da cozinha. O menu exalta a simplicidade de clássicos como o espaguete puttanesca (R$ 85), em que a massa artesanal recebe o sabor intenso do molho de tomates com alcaparra, azeitona preta, alice, alho, azeite e pimenta.
Vai lá: Rua Joaquim Floriano, 466, Itaim Bibi – Brascan Open Mall. @temperanicucina
Tappo
O térreo do histórico Edifício Paquita, em Higienópolis, foi o lugar escolhido para a reabertura do restaurante que, durante treze anos, foi sinônimo de boa comida italiana nos Jardins. Em novo endereço, a missão continua. Sob o olhar do chef Benny Novak, a cozinha expede no almoço e no jantar a cremosa lasanha à bolonhesa e o ótimo carbonara (R$ 81 cada um).
Vai lá: Rua Alagoas, 475, Higienópolis. @tappotrattoria
Trattorita EVVAI
Versão descontraída do premiado Evvai, a casa foca em pratos confortáveis para o paladar. É o caso do tagliolini que combina creme de Grana Padano ao ragu de boi e de porco cozido por 36 horas (R$ 110). Uma novidade é o menu executivo (R$ 67), servido de terça a sexta com entrada, sobremesa e massas como o fusilone ao sugo, basílico e queijo pecorino.
Vai lá: Rua Joaquim Antunes, 260, Jardim Paulistano. @trattorita
Belisquetes
Não é pizza, mas é quase
A massa de pizza tem mais utilidades além das clássicas etapas: abrir em disco, lambuzar de molho de tomate, cobrir com o que o estômago sonhar e levar para assar. Há finalidades não comestíveis, como entreter as crianças na mesa do jantar quando é noite de pizza em família. As que me interessam, porém, são as possíveis de mastigar.
Em andanças por São Paulo, visitando pizzarias às vezes sem exatamente grande vontade de comer pizza (falar isso em ‘voz alta’ parece um crime), virei fã de duas entradas em formato enroladinho preparadas com os mesmos ingredientes da ‘redonda’.
A Pizza da Mooca
Os rolinhos de pizza acertam na textura ao equilibrar o interior cremoso e a borda crocante. Há o de quatro queijos (muçarela, provolone, gorgonzola e catupiry) e o meu favorito, de calabresa com catupiry (R$ 44). Os dois vão com molho para chuchar.
Vai lá: Rua da Mooca, 1747, Mooca. @apizzadamooca
Divina Increnca
A massa enroladinha antes de assar até dourar recebe duas opções de recheio. Ambas são igualmente boas: muçarela com mortadela e raspas de limão-siciliano ou com abobrinha e gorgonzola. Cada receita sai por R$ 34.
Vai lá: Rua Amaral Gurgel, 338, Vila Buarque. @divinaincrenca
Bares
Vinhos tintos bons de verão nos wine bars do centro
Muita gente pensa que vinho tinto é bebida de inverno. Só que existem tintos próprios para os dias quentes, sim. São mais leves, mais frescos, têm menos taninos e menos álcool, e podem ser servidos geladinhos. Juro que caem bem.
Dois charmosos wine bars do centro de São Paulo estão preparadíssimos para as ondas de calor e têm tintos fresquinhos na carta. Conversei com Iêda Mendonça e Rubens Lastri, do Prosa e Vinho, e com Felipe Rara, do Paloma, e eles indicaram as boas pedidas para a próxima estação.
Os vinhos sugeridos pelos sommeliers são servidos em garrafa e, dependendo do dia, podem estar disponíveis em taça. Basta perguntar qual o tinto de verão da vez.
Prosa e Vinho
O simpático bar da Galeria Metrópole tem várias opções de tintos leves e de claretes (meio termo entre rosé e tinto). A uva gamay, de taninos magros, é sempre boa companhia no verão, inclusive a cultivada no Brasil, como aparece no Gamay Beaujolais (R$ 120) da Dal Pizzol. O clarete argentino La Vaquita (R$ 119) mescla malbec e um tantinho da branca torrontés. Probono (R$ 99), da brasileira Quinta Barroca da Tilia, também aposta no corte de tintas e brancas, com sangiovese, tannat e vermentino.
Vai lá: Av. São Luis, 187, Piso 3, Loja 1, República. @prosaevinho
Paloma
O Paloma fica na mesma calçada do Bar da Dona Onça, no Copan, que vira uma sacudida e colorida prainha nos dias ensolarados. Ali você pode se refrescar com Pequenos Rebentos Proibido (R$ 265), clarete feito com várias uvas tintas portuguesas. Les Perdriettes Gamay (R$ 210) vem do Vale do Loire com fruta madura e muito frescor. Le Mazel Vin de Soif (R$ 310), corte de syrah e grenache, é rústico, polpudo e de ótima acidez. Atenção para as harmonizações com a comida igualmente leve e apetitosa da chef Gabi Guerriero.
Vai lá: Av. Ipiranga, 200, República. @paloma___sp