Gente, olha só! A Ministra da Cultura, Margareth Menezes, escreveu um artigo super importante para a Folha de S.Paulo sobre o sucesso de ‘Ainda Estou Aqui’ e a força do audiovisual brasileiro. Ela destacou a dificuldade de avançar no Congresso Nacional com o marco regulatório do VoD (vídeo por demanda) por causa do ‘lobby contrário dos conglomerados digitais’.
Essa regulamentação é essencial para que as plataformas de streaming incluam uma porcentagem de produções nacionais em seus catálogos e invistam no desenvolvimento do nosso audiovisual. Imagina só, mais séries e filmes brasileiros bombando nas plataformas! 🎬🇧🇷
Aproveitando o hype em torno do filme, que está cheio de indicações e prêmios, o Ministério da Cultura poderia ir além do diagnóstico e agir de forma prática para criar uma frente ampla criativa. Isso uniria todo o setor cultural brasileiro, independente de ideologias, para fortalecer a articulação política. Sem essa união, perderemos uma oportunidade histórica de fazer avanços consistentes.
Em tempos de tensão entre os poderes da República, é difícil imaginar a construção de maiorias para aprovar medidas que não estão no centro do debate nacional. Mesmo com a bravura dos parlamentares que atuam pelo setor no congresso, é preciso muito mais. A cultura não pode continuar isolada, com pouco alcance político e sectarismo ideológico.
Claro que não é fácil, e todos os dias vemos dificuldades para pautas contemporâneas avançarem. Mas faz parte do trabalho criar condições para que a economia criativa seja valorizada de verdade. Ela está super ligada às novas relações de trabalho e ao empreendedorismo jovem, temas urgentes para a política do governo e que estão sempre em disputa com a oposição. Não faz sentido esse assunto continuar sendo tratado de forma lateral.
A unificação de todas as áreas que compõem a indústria criativa, com o apoio de toda a cadeia de suprimentos, pode dar a força econômica e política necessária para os desafios futuros. Sem isso, as políticas públicas continuarão insuficientes e ações estruturantes, como a regulamentação do streaming, permanecerão distantes.
Desde que pesquisas apontaram que a economia da cultura e das indústrias criativas geram 3,11% do PIB, vimos representantes de várias áreas culturais se gabando dos números, como se fossem totalmente responsáveis por eles. Cada um tentando garantir sua parte do orçamento público do setor, mas com dificuldade de se ver como parte de um todo, de uma mesma cadeia industrial criativa.
É fundamental superarmos preconceitos, aproximarmos diferenças e diminuirmos distâncias, valorizando novas áreas do nosso ambiente criativo como aliadas estratégicas. O setor de games, por exemplo, representa metade do PIB criativo, gera oportunidades para diversos artistas, faz a cabeça da juventude, mas é pouco mencionado nos debates culturais ou envolvido nas estratégias.
Somente quando juntarmos música, audiovisual, grandes eventos culturais, teatro, artes plásticas, dança, gastronomia, publicidade, moda, design, arquitetura, artesanato e games em torno de um mesmo objetivo, com o pragmatismo dos outros setores produtivos do Brasil, é que daremos o salto político necessário para atualizar nossa política cultural.