Veneza, uma das cidades mais românticas do mundo, enfrenta um problema sério: está afundando. Construída sobre estacas de madeira, a cidade afunda um pouco mais a cada ano. Para evitar que Veneza desapareça, um projeto inovador pretende elevar seu subsolo em até 30 centímetros.
O Problema do Afundamento
De acordo com o Royal Museums Greenwich, no Reino Unido, o solo de Veneza afunda cerca de 1 milímetro por ano devido a processos naturais. Além disso, o nível do mar está subindo, podendo aumentar entre 17 e 120 centímetros até 2100. A lagoa veneziana, com mais de 500 quilômetros quadrados, tem uma profundidade média de apenas um metro.
A Praça de São Marcos, por exemplo, está apenas 55 centímetros acima do nível médio do mar. Isso torna a região vulnerável a marés cada vez mais altas.
Sistema Mose
Para combater as inundações, Veneza conta com o sistema Mose, um complexo de barreiras móveis que isola a lagoa do mar e protege o centro histórico. Desenvolvido ao longo de décadas, o sistema já custou US$ 6 bilhões ao governo italiano. Em outubro de 2023, as barreiras impediram uma inundação que poderia ter elevado a água entre 135 e 140 centímetros, reduzindo o volume para 75 centímetros.
No entanto, com as mudanças climáticas, as estruturas do Mose podem não ser suficientes. Marés maiores que 110 centímetros já ocorreram mais de 150 vezes nas últimas duas décadas, e as comportas foram acionadas cerca de 100 vezes em menos de cinco anos.
Projeto de Elevação do Solo
Especialistas estão buscando soluções. Pietro Teatini, professor de hidrologia e engenharia hidráulica na Universidade de Pádua, propôs bombear água para o subsolo de Veneza. A ideia é injetar água em aquíferos específicos, localizados entre 600 e mil metros de profundidade, elevando o solo da cidade.
O projeto sugere a perfuração de cerca de 12 poços ao redor de Veneza, formando um círculo de 10 quilômetros de diâmetro. Os poços ficariam dentro da lagoa e não ultrapassariam seus limites. A espessa camada de argila sob a lagoa impediria que a água injetada voltasse à superfície.
Como parte de um projeto-piloto, o primeiro poço teria 20 centímetros de diâmetro e seria colocado a um quilômetro de profundidade. Um filtro e uma bomba injetariam a água, que se infiltraria no solo do aquífero, elevando o solo ao redor. Testes menores na lagoa devem levar de dois a três anos.
Desafios e Futuro
Se o bombeamento de água for interrompido, o solo volta a ceder. Teatini sugere misturar aditivos à água para manter o solo expandido.
Fonte: https://www.uol.com.br/nossa/noticias/redacao/2025/05/17/veneza.htm