A Ilha Fantasma de Sandy: Mistério e Descoberta

Imagina só: uma expedição científica para estudar placas tectônicas perto da Austrália se transforma em uma jornada que vira notícia mundial. Em 2012, cientistas descobriram que uma ilha, que estava em mapas há mais de 230 anos, simplesmente não existia. Ou, pelo menos, não estava onde deveria estar.

O Mistério de Sandy

Em setembro de 1774, o famoso explorador britânico James Cook navegava pela Nova Caledônia e registrou uma ilha de areia, chamada Sandy Island. Desde então, essa ilha apareceu em vários mapas e cartas náuticas, incluindo os da França, que colonizou a Nova Caledônia em 1853.

Em 1876, um baleeiro chamado Velocity relatou ter avistado a ilha, mas em uma localização diferente da registrada por Cook. Isso levou a uma atualização nos mapas náuticos da Austrália.

Expedição de 2012

Em 2012, um grupo de cientistas australianos, liderados pela geóloga Maria Seton, decidiu investigar a ilha durante uma viagem para estudar placas tectônicas. Eles perceberam que Sandy Island estava no Google Earth, mas não havia fotos dela. Ao chegarem ao local, descobriram que a ilha não existia. O fundo do mar estava a 1.300 metros de profundidade.

“Vamos confiar em quem? No Google Earth ou nos mapas de navegação?” questionou Steven Micklethwaite, membro da tripulação científica. A equipe começou a mapear o leito marinho e coletar informações para atualizar os mapas.

O Que Cook Viu?

A hipótese mais aceita é que Cook e a tripulação do Velocity viram rochas vulcânicas porosas que boiam à deriva. Um estudo de 2004 concluiu que materiais de uma erupção perto de Tonga viajaram mais de 2 mil quilômetros até a Nova Caledônia. A “ilha de areia” seria, na verdade, um amontoado de pedra-pomes boiando.

Atualização dos Mapas

Em novembro de 2012, Sandy Island foi removida dos mapas do Google, da National Geographic e de outras instituições. A descoberta mostrou que, mesmo com a tecnologia moderna, os mapas ainda estão em constante atualização.

Impacto na Nova Caledônia

A Nova Caledônia, uma coletividade ultramarina especial da França, tem uma história rica e complexa. Em 2014, um vazamento de produtos químicos em um rio causou protestos violentos e obrigou a usina de Goro Nickel a suspender as operações. A usina pertencia à Vale, conhecida por desastres ambientais.

Em 2020, a Vale vendeu a usina a um consórcio que inclui a Trafigura, uma empresa de commodities envolvida em escândalos. A planta foi repaginada para atender à demanda por carros elétricos e hoje é uma queridinha da Tesla de Elon Musk.

Futuro da Nova Caledônia

A população da Nova Caledônia continua atenta à exploração de níquel, uma indústria suja e destrutiva. O território tem outros potenciais econômicos, como o turismo. James Cook batizou a região de Nova Caledônia porque ela lembrava a Escócia, chamada de Caledônia pelos romanos. Ambas as regiões flertam com a independência há tempos.

Assim, a história de Sandy Island nos lembra que até os maiores exploradores podem cometer erros. E que nossos mapas, assim como nosso conhecimento, estão sempre em evolução.

Fonte: http://nossa.uol.com.br/colunas/terra-a-vista/2022/05/29/por-onde-anda-sandy-a-ilha-que-desapareceu-dos-mapas-ha-10-anos.htm

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