Todo mundo tem aquela receita diferente, que pode até não ser do gosto da maioria, mas amamos da mesma forma. Com chefs e profissionais da gastronomia, não é diferente. Os prazeres secretos, os famosos ‘guilty pleasures’, superam preconceitos, técnicas e regras culinárias. Para gosto, não há limites.
Panetone com Requeijão
Gustavo Rodrigues, chef e sócio do Sororoca Bar e Lobozó, em São Paulo, mal pode esperar pelo fim do ano. ‘Meu maior guilty pleasure, sem dúvida, é um clássico pessoal: uma fatia generosa de panetone com uma bela talagada de requeijão cremoso’, descreve.
A história começou quando Gustavo foi morar sozinho. ‘Era uma daquelas noites em que a geladeira parecia mais um cenário pós-apocalíptico: só meio limão, uma lata de cerveja barata e um pote já aberto de requeijão’. Aí já viu, né? Faminto, no meio desse desespero, se lembrou de um panetone que tinha ganho recentemente e decidiu inovar. ‘Foi assim que nasceu essa iguaria, que desde então, me acompanha fielmente em toda época natalina’.
Doce e Salgado
Colega de Gustavo no Sororoca Bar e comandante do Remanso do Peixe e Puba, em Belém do Pará, Thiago Castanho também é fã das iguarias inusitadas e não abre mão de doce e salgado juntos. ‘Começou quando fui pro Uruguai e voltei com um balde de 5kg de um famoso ‘dulce de leche’ de lá. Esse balde ficou na geladeira de casa e daí já viu, comecei a usar como pré-treino, mas às vezes, à noite, vinha aquela vontade de comer um doce e toda vez que sentia isso, eu fazia uma tapioca bem crocante com queijo mineiro e o doce de leite’.
Às vezes, o chef trocava o queijo mineiro por queijo da ilha do Marajó e o balde ficou tão famoso entre família e amigos que todo mundo queria uma bocada. ‘Ainda bem que esse balde acabou, agora voltei ao ‘normal’, mas confesso: tenho sempre um pequeno pote de doce de leite na geladeira. Quando meu pai me viu comer doce de leite antes de correr, ele falou: ‘é por isso que tu corres muito né?’.
Pasta de Amendoim e Salsão
Mais fãs das combinações agridoces são Joey Lim, chef do Shihoma Deli e sócio-proprietário do Pasta Shihoma, que não abre mão de pasta de amendoim com salsão. André Guidon, pizzaiolo e proprietário da Leggera Pizzaria, em São Paulo, e sua tâmara com manteiga. ‘Abro a fruta seca, coloco um cubinho de manteiga, gelada mesmo e sou feliz. É muito bom!’, descreve.
Miojo com Tudo
Já imaginou carne gelada e macarrão instantâneo? Márcio Shihomatsu, chef e sócio-proprietário do Pasta Shihoma e do Shihoma Deli, já. ‘É uma recordação de infância que faço muito: quando tem carne assada, fatio as sobras bem fininho ou desfiado e faço tipo um vinagrete e deixo na geladeira. Depois, vou comendo com tudo: puro, com pão, com qualquer coisa quando bate a fome – e gelado mesmo’, entrega.
E não para por aí: ‘Também confesso que como macarrão instantâneo, mas tem que ser o de galinha e ainda coloco um ovo para cozinhar junto’.
Macarrão Instantâneo
Bruna Martins, chef do Birosca S2, Florestal e Gata Gorda, em Belo Horizonte, também é fã do macarrão que fica pronto rapidinho, mas não qualquer sabor e marca. ‘Tem de ser aquele de tomate, da Turma da Mônica. Como com caldo e tudo, mas coloco um bom parmesão por cima’.
Sopa com Pipoca
Há combinações que podem parecer inusitadas, mas se tratam somente de receitas de uma cultura diferente da nossa. É o caso da sopa com pipoca, a delícia favorita de Dagoberto Torres, chef e sócio-proprietário do Baru Marisqueira, em São Paulo: ‘É típica do meu país, a Colômbia. Leva batata-doce, mandioca, batata, frango e a gente coloca pipoca por cima. Fica uma delícia, é muito bom, me recorda momentos na casa da minha avó com meus primos e faço questão de fazer uma vez por mês, aqui, para que eu mate a saudade e para que meus filhos conheçam essa tradição também’.
Bolacha e Suco
Outro gosto afetivo é de outro radicado no Brasil: o italiano Sandro Giovannone, proprietário da Spazio Lab e da Maturameat, sempre busca similares à sua querida bolacha Ringo – quadrada e recheada – para molhar em água extremamente gelada.
Também fiel a uma marca e estilo de bolacha, a rosquinha de chocolate da Panco, Lula Mascella, mixologista e sócio-proprietário do Picco, em São Paulo, combina a iguaria a um copão de suco gelado de maracujá e de laranja, em proporções iguais. ‘O ritual é ir molhando a bolacha no suco e comendo’.
Mexidão da Madrugada
Por outro lado, há aquelas misturas que todo mundo já testou em casa e podem até não ser o prato mais ‘orgulhoso’, mas são sempre eficazes. Atire a primeira pedra quem nunca apelou para um bom mexidão da madrugada. ‘Não sou muito de doces, minhas estripulias são com coisas salgadas. Sempre que abro a geladeira, tem algum macarrão ‘de ontem’, frango marinado feito para a semana, arroz e feijão. Não importa a hora, mesmo que seja 3 da manhã, junto tudo e como feliz da vida’, diz Luiz Fellipe Mascella, mixologista e sócio-proprietário do Regô e do Reguinho, em São Paulo.
Fonte: https://www.uol.com.br/nossa/noticias/redacao/2025/06/27/vai-um-miojo-com-carne-gelada-chefs-e-bartenders-revelam-prazeres-secretos.htm