Surfando em Piscina de Ondas: Uma Experiência Única no Interior de São Paulo

Você sabia que um surfista passa mais tempo remando do que em pé na prancha? Em uma hora, se pegar umas cinco ondas, vai surfar por menos de dois minutos. Nos outros 58 minutos, é muita remada, ondas na cabeça e espera pela onda perfeita. E isso quando o mar não está lotado de gente disputando as mesmas ondas.

Piscinas de Ondas: A Nova Tendência

É por isso que as piscinas de ondas estão fazendo sucesso. Ondas perfeitas e menos perrengue. Claro, existe uma discussão sobre as piscinas tirarem o lifestyle do surfe e a conexão com a natureza, mas é tentador.

Recentemente, fui convidado para conhecer o hotel Boa Vista Surf Lodge e a piscina de surfe do Boa Vista Village, um condomínio em Porto Feliz, interior de São Paulo, a cerca de 200 km do mar.

Em Porto Feliz, no interior de São Paulo, a piscina de ondas faz parte do complexo Boa Vista Village – Divulgação (750×1)

Experiência na Piscina de Ondas

A piscina de água doce é projetada pela American Wave Machines, com tecnologia PerfectSwell. Utiliza um sistema com câmaras de ar gerando 100 tipos de ondas diferentes e com 220 metros de extensão.

Eu surfo há anos, mas o progresso é lento morando em São Paulo. Falta tempo e frequência na praia. Dá pra falar que sei o básico: ficar em pé na prancha, surfar na parede da onda e fazer curvas. Nada de rasgadas, tubos e aéreos.

A piscina do Boa Vista Village tem nove níveis, do iniciante ao profissional, e aulas com professores da escola Ibrasurf. Fui para o nível 2, uma onda de meio metro de altura.

O professor Thiago Berlese explicou por onde entrar, as diferentes profundidades (4 metros perto do muro e menos de um metro no meio da piscina) e onde se posicionar. Mas como você sabe que a onda está vindo? Pelo barulho das turbinas. Ele aumenta, e a onda surge do nada, saindo da direção da areia da praia.

Nas primeiras tentativas, esse muro próximo deu certo receio, depois me afastei dele – Paulo Barcellos (750×1)

Fico em pé na primeira tentativa, mas me assusto com o muro muito perto e logo caio. Volto colado ao muro. Lá tem uma correnteza que ajuda a remar menos. E o melhor: não quebra outra onda que te arrasta para trás, um dos maiores terrores de quem tenta passar a arrebentação no mar.

Na segunda tentativa, vou até o final da onda. São cerca de 30 segundos em pé na prancha, uma eternidade. E assim foi. Em 15 minutos, peguei umas cinco ondas. Ao final da sessão de uma hora, mais de 10 ondas surfadas (o cansaço bateu). E ainda tive a sorte de estar sozinho no nível 2. Um mar só para mim de ondas sempre iguais. Só senti falta das tartarugas que vejo quando estou no litoral.

E se tiver mais gente na água, é só esperar a vez na fila. O máximo que vi foram quatro surfistas ao mesmo tempo na piscina. Ainda dá para mudar o tipo (maior, menor, com tubo, etc) e o tempo entre uma onda e outra. O surfista pede para o guarda-vidas mais próximo. Ele avisa pelo rádio, a torre de comando muda a configuração e pronto. Uma onda diferente surge em segundos.

Desafios e Condições Climáticas

Três horas depois, voltei para a piscina, agora para os níveis 3 e 4. Ondas de tamanho parecido ao nível 2, mais potentes, paredes mais extensas e mais longe do muro.

Primeiro você começa, depois melhora: na segunda vez na piscina de ondas, testei as de níveis maiores – Paulo Barcellos (750×1)

Com uma prancha um pouco menor, peguei a primeira onda, mas fiquei para trás e caí. Na segunda, mais um erro. Na terceira, melhorei e fui até o final.

Na volta, ouvi os primeiros raios enquanto remava. O professor Thiago falou: “tem raios a 15 quilômetros de distância. Se chegar a 10, a gente para tudo”. Só deu tempo de mais uma onda antes de a tempestade chegar. A sessão de uma hora durou 15 minutos.

Surfistas sempre estão super atentos à previsão do tempo, do vento e da ondulação para saber os melhores dias. Mesmo em uma praia artificial de água doce, com ondas feitas por uma máquina e longe do mar, o Thiago resumiu: “esporte na natureza é assim”.

A piscina de ondas é o ‘quintal’ do Boa Vista Surf Lodge – Divulgação (750×1)

Quanto Custa Surfar na Piscina?

Apenas proprietários de imóveis no Boa Vista Village e hóspedes do Boa Vista Surf Lodge podem usar a piscina de ondas. Funciona de quarta a segunda, das 6h30 à 0h — sim, dá para surfar à noite.

Vista geral da piscina de ondas: uma praia no interior de São Paulo – Divulgação (750×1)

A diária do hotel com 1h de sessão de surfe custa a partir de R$ 3 mil para iniciantes (incluso aula na areia de 30 minutos) e R$ 4 mil para intermediários e avançados. Se quiser surfar mais, a hora vai de R$ 600 (nível iniciante) a R$ 2,5 mil (nível especial/profissional).

Também dá para registrar a sessão de surfe com fotos, vídeos e imagens de drone do fotógrafo Paulo Barcellos. Os valores vão de R$ 200 a R$ 500.

Nos quartos do hotel, clima de casa de praia – Divulgação (750×1)

O Hotel Boa Vista Surf Lodge

O Boa Vista Surf Lodge é o primeiro hotel com piscina de surfe da América Latina, inaugurado no fim do ano passado pela JHSF e operado pelo Grupo Fasano.

Para aproveitar antes e depois do surfe, tem piscinas, academia, quadras de beach tennis, sauna e spa. A massagem relaxante fica completa com um chá de amêndoas no final. No restaurante do hotel, vale provar as diferentes combinações com frutos do mar, como o camarão ao champagne (R$ 199).

O esporte inspira toda a decoração, do quadros nas paredes (foto) até o lacre no papel higiênico, um adesivo com uma prancha de surfe – Divulgação (750×1)

O surfe está no nome e na decoração. Os 57 quartos trazem fotos da modalidade e até o papel higiênico tem a prancha símbolo do hotel. Em meio a tanto luxo, a água de coco custa quase o mesmo no litoral paulista (R$ 17).

* O jornalista viajou a convite do Boa Vista Surf Lodge

Fonte: https://www.uol.com.br/nossa/noticias/redacao/2025/07/10/surfei-em-piscina-de-ondas-a-200km-do-mar-ondas-perfeitas-sem-perrengue.htm

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