O videocast Vamos de Vinho desta semana está imperdível! Vamos explorar dois destinos turísticos que estão se tornando queridinhos dos brasileiros e oferecem experiências vinícolas incríveis: Lisboa e Madri. 🍷✈️
Lisboa: Vinhos Fora do Radar
Começando por Portugal, os vinhos mais famosos vêm de regiões como Porto, Douro, Alentejo, Dão e Vinho Verde. Mas Lisboa também tem seus encantos, com vinhos bons, baratos e perfeitos para um consumo despretensioso. Além disso, há algumas joias escondidas.
Lisboa é dividida em nove denominações de origem controlada (DOC): Encostas de Aire, Lourinhã, Óbidos, Torres Vedras, Alenquer, Arruda, Colares, Carcavelos e Bucelas. As três últimas são as mais fáceis de visitar. Por exemplo, de Lisboa a Carcavelos é uma viagem de cerca de meia hora. Lembre-se de agendar visitas aos produtores!
Joias Vinícolas de Lisboa
Bucelas
Ao norte da capital, Bucelas é famosa pela uva branca arinto, que precisa representar pelo menos 75% da composição dos vinhos da DOC. Os vinhos são minerais, com toques cítricos e de maçã verde, perfeitos para frutos do mar. Também há tintos deliciosos fora da denominação.
Algumas atrações turísticas incluem vinícolas como Quinta da Murta, Quinta das Murgas, Caves Velhas, Quinta do Boição, Chão do Prado (com restaurante), Quinta das Carrafouchas, Quinta do Avelar e o Museu do Vinho e da Vinha de Bucelas.
Carcavelos
A oeste de Lisboa, Carcavelos é conhecida por vinhos fortificados, geralmente brancos (castas: arinto, galego dourado e ratinho), mas também produz alguns vinhos não generosos. São deliciosos e raros, com preços relativamente modestos. Vale visitar a vinícola Villa Oeiras e a loja Confraria do Vinho de Carcavelos, em Oeiras, onde você pode aprender sobre a produção local e comprar muitos rótulos de Lisboa.
Colares
Colares é uma região diminuta com vinhas plantadas em chão de areia. Os brancos são feitos com malvasia de Colares, e os tintos, com ramisco, uma cepa que praticamente só existe lá. Esses vinhos são longevos, especialmente os tintos, que se beneficiam do tempo na garrafa. Para visitar, você pode fazer uma esticadinha de uma viagem a Sintra e conhecer a Adega Regional de Colares, Ramilo Wines e Adega Viúva Gomes.
Sou apaixonado por vinhos de Colares e acho uma pena que a gente quase não tenha acesso a eles no Brasil.
Outras Regiões Próximas
Vamos de Vinho também fala de duas áreas clássicas que, embora não façam parte tecnicamente da região de vinhos de Lisboa, estão praticamente a um pulo sobre o Tejo de distância: Palmela e Setúbal.
Madri: Vinhos para Descobrir
Os vinhos de Madri são mais difíceis de encontrar no Brasil. Porém, para quem está de visita, dá para conhecer vinícolas que ficam a uns 30 minutos do centro da cidade.
A DOP (Denominação de Origem Protegida) Vinos de Madrid é composta por quatro subzonas:
Arganda
A sudeste de Madri, Arganda é a maior subzona, com metade da área da denominação e 28 das 45 vinícolas certificadas. As uvas mais comuns são a malvar e tinto fino (nome mais comum da tempranillo por ali).
Navalcarnero
A sudoeste de Madri, Navalcarnero tem foco em garnacha tinta, tinto fino e malvar. Pequena, responde por 15% da produção de vinhos da DOP.
San Martín de Valdeiglesias
A mais ocidental das subzonas, San Martín de Valdeiglesias responde por 25% da produção, principalmente de garnacha tinta e albillo real (branca). Seu terreno é mais montanhoso que das outras três.
El Molar
Homônima de outra área vinícola no Priorato, El Molar é a única ao norte de Madri e foi aceita como parte da DOC recentemente, em 2019. Muitas vinícolas ainda não estão certificadas. Planta principalmente garnacha tinta e malvar.
É bom mencionar a Sierra de Gredos, que, embora não seja uma denominação oficial, fica perto da capital espanhola (boa parte em San Martín de Valdeiglesias) e vem chamando muita atenção de apaixonados por vinhos. Por lá, produzem-se garnachas que juntam estrutura a bastante frescor, albillos intensos e alguns belos tintos finos. São raros, mas existentes no Brasil.
Visitas às Vinícolas
Algumas bodegas próximas de Madri aceitam visitas (normalmente com agendamento):
- Bernabeleva (San Martín de Valdeiglesias)
- Las Moradas de San Martín (San Martín de Valdeiglesias)
- El Regajal (Arganda)
- Laguna (Arganda)
- Andrés Diaz (Navalcarnero)
- Muñoz Martín (Navalcarnero)
- Tinta Castiza (El Molar)
Saideira
Esse tava bom
Viúva Gomes é uma casa clássica de Colares. Esse aí, 2010, estava no ponto ideal semana passada. Preenche a boca com frutas do bosque e ameixa fresca. No nariz, muita pimenta preta, couro, algo de animal. Corpo médio, acidez maior, taninos presentes, mas domados, e final longo. Que baita vinho. Não tem no Brasil, até onde eu sei.
Esse envelheceu um pouco
A Península Vinicultores é uma empresa de Madri que faz vinhos em várias regiões da Espanha. Esse garnacha 2018 da Sierra de Gredos (Cebreros) ainda estava bom, mas já entrando na reta final de vida. Frutas vermelhas, como cereja, morango e framboesa, alguma pimentinha e tomilho. Bem bom, mas melhor não guardar mais.
Fonte: https://www.uol.com.br/nossa/colunas/vamos-de-vinho/2025/07/12/planejando-ir-a-lisboa-ou-madri-tem-opcoes-de-enoturismo-a-meia-hora-de-viagem.htm