Gente, achei que essa moda bizarra já tinha passado, mas parece que não! A imprensa americana está dizendo que o mukbang, aqueles vídeos de pessoas comendo montanhas de comida de forma exagerada, ainda está super em alta. E pior, está evoluindo! 😳
O que é Mukbang?
Para quem não sabe, mukbang é um show de horrores onde as pessoas comem quantidades enormes de comida de maneira bem animalesca. Mesmo quando a pessoa parece frágil e delicada, a cena é dantesca. Esse fenômeno começou na Coreia há uns vinte anos, migrou para os Estados Unidos e, claro, chegou ao Brasil.
Eu, que fujo de besteiras na internet, achei que essa moda já tinha acabado depois de surtos de obesidade e hipertensão. Mas parece que não. 😅
Como está evoluindo?
Agora, a moda não é mais só comer sozinho na frente da câmera, se empanturrando com travessas inteiras de lasanha. A nova onda é comer menos, mas ainda de forma porca (com as mãos, babando os molhos) e falando sem parar. Um duplo tormento: ver um espetáculo nojento e ainda ouvir asneiras de quem não tem nada a dizer.
Minha experiência
Para entender o que estava rolando, assisti a alguns vídeos. Os do estilo antigo são longos, duram dez ou vinte minutos. Os mais modernos são mais rápidos, adaptados ao TikTok. Não vou passar nenhum link aqui em respeito ao bom gosto de vocês.
O espetáculo é bizarro: qual é a graça de ver alguém comendo sem aprender a receita, sem dividir a mesa com ele, sem nada? Ver alguém se maquiando ou dando nó na gravata faz sentido, porque você aprende algo. Mas ver alguém se entupindo de comida, sem nem contar a história ou a receita do prato, é de um voyeurismo surreal.
Comparações históricas
Pensando nisso, lembrei de Grimod de la Reynière, um grande autor de textos de gastronomia que viveu na França na época da Revolução Francesa. Ele era advogado, rico, e amava a gastronomia. Seus textos abordavam a culinária de um ponto de vista cultural e literário.
Ele fazia jantares públicos, mas não com a mesa aberta ao público. Poucas pessoas comiam banquetes pantagruélicos enquanto a assistência assistia. O primeiro desses jantares tinha tema fúnebre, com um caixão decorativo para cada um dos vinte comensais.
Seria injusto apontá-lo como precursor dos vídeos nojentos de hoje. A comida e o serviço eram sofisticados, e os jantares eram uma demonstração de como servir e comer. Ele seria mais um precursor de personagens como Martha Stewart, que mostrava sua arte de servir através da televisão, livros e revistas.
O que buscam os espectadores?
Se no caso de Grimod e Martha o público assistia para aprender, o que buscam os milhões de pessoas que ficam hipnotizadas vendo mukbangs? Aprender a comer quantidades insalubres de comida ruim e se lambuzando como porcos?
Há teorias de que as pessoas que assistem são carentes e querem se sentir participando da refeição com o “mukbanger”. Ou são pessoas que não podem comer e se comprazem vendo os outros fazendo em dobro o que elas não podem. Parece uma tempestade perfeita para produzir insanidade.
Exibicionistas alucinados mostrando suas habilidades autodestrutivas encontram voyeurs carentes do outro lado da tela. Algo não vai bem.
Fonte: https://www.uol.com.br/nossa/colunas/josimar-melo/2025/09/17/achei-que-a-moda-de-comer-porcamente-nas-redes-tinha-passado-mas-nao.htm