Em 2021, Jean-François Ganevat, um dos produtores mais importantes do Jura, vendeu sua propriedade para uma família russa, mas manteve uma posição de consultor. Suas garrafas chegam a valer mais de 500 euros em leilões. 💸🍷
Desafios e Mudanças
Essa venda foi um reflexo das dificuldades financeiras que até os produtores mais renomados enfrentam. A situação ficou ainda mais complicada com a guerra na Ucrânia, que forçou os russos a saírem do negócio. Mas a solução veio com Benoît Pontenier, diretor do Prieuré de Saint-Jean de Bébian, que assumiu a vinícola e manteve Ganevat e sua irmã, Anne, em suas posições.
Ganevat Continua na Ativa
Apesar das mudanças, Jean-François Ganevat não está se afastando. Ele continua envolvido em todas as decisões do domaine que leva seu nome. “Nós trabalhamos desde crianças. Aos 8, 10 anos, eu estava com meu pai e meu avô nas vinhas. Sempre fizemos apenas isso. Então, hoje, ficar sem fazer nada, eu fico louco”, conta ele. “O futuro do Domaine Ganevat não muda. Eu ainda estou aqui, os vinhos não mudaram, sempre fazemos os vinhos como gostamos”.
Além de cuidar da vinícola, Ganevat encontrou tempo para escrever um livro. No dia em que o encontrei, ele recebeu o primeiro exemplar de “Dans la Jungle des Vins Naturels”, escrito em parceria com Jean Foillard e o jornalista Éric Conan.
Quem é Jean-François Ganevat?
Jean-François Ganevat é uma figura essencial para a evolução do Jura no século 21. Ele foi um dos pioneiros da biodinâmica e dos vinhos naturais na região. Ganevat é obcecado pela precisão na vinificação e até toca música para as vinhas para combater doenças causadas por fungos. Seus vinhos, que antes custavam menos de 10 euros, agora são vendidos por somas altas e são difíceis de encontrar.
Ganevat também colocou o sul do Jura no mapa mundial do vinho, uma área antes considerada inferior a outras regiões do Jura.
Adaptação às Safras Inconstantes
Em 2014, Anne e Jean-François começaram a comprar uvas de outros produtores do Jura e vinificá-las. Essa estratégia foi uma resposta às safras magras causadas pelo aquecimento global. Eles expandiram o negócio para incluir uvas de outras regiões e engarrafar os vinhos como Vin de France.
Essa abordagem pragmática confundiu muitos, mas resultou em vinhos excepcionais, como o J’en Veux Encore, que muda a cada safra. “Eu sou apaixonado pelo meu ofício e sempre faço Savagnin, Chardonnay, Pinot Noir, Poulsard. Mas depois de um tempo, não gosto que seja uma receita. Há muitas castas que eu gosto de beber e que eu queria vinificar”, diz Ganevat.
Berthet-Bondet: Outra Joia do Jura
O Domaine Berthet-Bondet, localizado em Château-Chalon desde 1984, é outro destaque do Jura. Seus vinhos, desde o crémant até o vin jaune, são consistentes e de alta qualidade. Fiquei impressionado com o Château-Chalon e o La Queue au Renard, um pinot noir delicioso.
Saideira
Esse tava bom:
Berthet-Bondet La Queue au Renard 2023. De uvas plantadas em margas triássicas, este pinot integra frutas pretas e vermelhas com toques complexos de especiarias, ervas secas e um toque terroso. Madeira bem colocada. Um vinho vivo e delicioso.
Esse também:
Berthet-Bondet Château-Chalon 2017. De uma safra difícil, com geadas que causaram perdas de até 50% das uvas. O verão quente e seco fez as uvas amadurecerem rapidamente. Este vinho tem 15.5% de álcool e notas típicas de nozes e curry. Outra delícia.
Fonte: https://www.uol.com.br/nossa/colunas/vamos-de-vinho/2025/09/28/trago-noticias-de-jean-francois-ganevat.htm
