🌍 Imagine só: um rei havaiano visitando o Brasil no século 19! Pois é, essa história incrível realmente aconteceu e mudou o rumo do Havaí. Vamos descobrir juntos essa jornada fascinante.
Um Reino Independente
No século 19, o Havaí era um reino independente, tentando se posicionar em um mundo em constante transformação. As Guerras Napoleônicas tinham acabado, a América Latina estava conquistando sua independência e a Europa estava cheia de novas rivalidades.
Foi nesse cenário que uma visita oficial mudou a história do arquipélago: o rei do Havaí visitou o Rio de Janeiro e foi recebido pelo imperador do Brasil.
O Encontro Inusitado
O Brasil era uma monarquia, algo que estamos acostumados a ouvir, mas pense como um estrangeiro diante dessa reunião inusitada. O Havaí não era um estado americano, mas um reino polinésio. Os chefes de Estado desses dois países, com governos muito diferentes, se encontraram quase que repentinamente.
Isso aconteceu há 200 anos, um rolê geopolítico digno de Ronaldinho Gaúcho em Honolulu.
O Havaí nos Anos 1820
Kamehameha 2º tornou-se rei do Havaí após a morte de seu pai, Kamehameha 1º, em 1819. Ele preferiria uma vida de aventuras na marinha britânica, mas acabou se tornando rei, muito por pressão da mãe. Logo de cara, enfrentou uma insurreição em Kauai, a última ilha a integrar o reino.
Em seguida, lidou com ameaças maiores. A rebelião de Kauai tinha o apoio do Império Russo, que queria anexar o Havaí. Kamehameha 2º escreveu ao czar Alexandre 1º pedindo satisfações e enviou uma bela canoa esculpida de presente. Sem resposta, ele decidiu viajar à Europa em busca de ajuda internacional.
Uma Viagem Longa
Em novembro de 1823, Kamehameha, a rainha Kamamalu e membros da corte embarcaram no Aigle, um baleeiro francês capturado pela marinha britânica, para uma longa viagem. O comandante Valentine Starbuck, veterano de expedições baleeiras, liderou a viagem.
Após contornar o Cabo Horn, a ponta sul das Américas, Starbuck fez uma parada no Rio de Janeiro. A família real havaiana desejava conhecer a América do Sul, e o navio seguiu até a capital do Brasil.
Os Dias Cariocas do Rei do Havaí
Em 1824, Kamehameha 2º chegou ao Rio. Foi a primeira vez que um rei havaiano visitou uma nação estrangeira e a primeira visita oficial de um chefe de Estado não europeu a um país latino-americano.
Kamehameha acreditava que o apoio de Pedro 1º poderia facilitar uma aliança com o Reino Unido. A visita, inicialmente prevista para três dias, durou 18. Os monarcas trocaram presentes e Kamehameha ofereceu que dois líderes havaianos se tornassem irmãos adotados de Dom Pedro.
Dom Pedro gostou do manto de plumas que recebeu e ordenou que fosse incorporado às coleções do Museu Real, antecessor do Museu Nacional.
Uma Visita Polêmica
Durante a visita, Boki e Kalanimoku, os novos “irmãos” do imperador, foram à praia, um costume natural para os havaianos, mas não para os brasileiros. Eles atraíram a atenção de olhares femininos e foram repreendidos por sua “indecência”.
Dom Pedro encerrou a controvérsia dizendo que não havia vergonha no que os havaianos fizeram, apenas nos pensamentos vergonhosos que as pessoas tinham sobre eles. A visita foi uma oportunidade para o monarca brasileiro difundir seu projeto de um Brasil multiétnico e progressista.
Os Dias Londrinos do Rei do Havaí
Em maio de 1824, os reis havaianos chegaram à Grã-Bretanha. A chegada do Aigle impressionou Londres, mas a recepção não foi tão calorosa. Os ingleses faziam piadas com o nome do rei e não sabiam se tratá-lo como chefe de Estado ou selvagem.
Enquanto aguardavam uma audiência com George 4º, a rainha Kamamalu caiu de cama devido a um surto de sarampo. Ela morreu em 8 de julho, e seu marido também sucumbiu à doença seis dias depois.
Com a morte dos dois, Boki liderou a missão e foi recebido por George 4º, que garantiu a proteção da soberania do Havaí.
Um Cafezinho em Floripa
Após uns dias no Rio, Byron desceu margeando o litoral brasileiro até Florianópolis. Boki aproveitou a oportunidade e iniciou um empreendimento que mudaria a economia havaiana: o cultivo de café.
De Volta ao Havaí
O solo vulcânico da região de Kona, na Ilha do Havaí, se mostrou propício para a plantação de café. O governo havaiano estimulou a produção nos anos 1840, mas pragas, secas e a concorrência com a produção de açúcar minguaram o café havaiano.
O café conseguiu se reerguer mais tarde, mas com uma outra variedade. No século 20, o café de Kona se tornou um dos mais célebres do mundo.
Essa história incrível aconteceu por causa de um erro de correio. Kamehameha 2º só decidiu ir a Londres porque não teve resposta do czar russo, que jamais recebeu sua carta.
Em 1893, o Reino do Havaí chegou ao fim e o arquipélago virou um território dos americanos.
Fonte: https://www.uol.com.br/nossa/colunas/terra-a-vista/2025/10/20/dom-pedro-o-rei-do-havai-praia-e-cafe-no-rj-que-role-aleatorio-foi-esse.htm