Oneida: A Comunidade Alternativa do Século 19 que Pregava o Amor Livre

Em uma casa a cerca de 200 quilômetros do local onde aconteceu o famoso festival de Woodstock, existia uma sociedade alternativa que já pregava o amor livre, 120 anos antes do evento de 1969.

Uma Sociedade Alternativa

A Comunidade Oneida, fundada em 1848 pelo líder religioso John Humphrey Noyes, era uma comunidade cristã com ideias bem diferentes dos conceitos dominantes da época. Eles defendiam o perfeccionismo, acreditando que o retorno de Cristo já havia acontecido e que era possível ser livre de pecados ainda neste mundo.

Essa comunidade cresceu até ter mais de 300 membros no final dos anos 1870, vivendo um cotidiano comunal com práticas como continência sexual, casamentos grupais e estirpecultura.

Sexo Livre e Prazer Feminino

A vida em Oneida envolvia trabalho e produção comunitária, sem núcleos familiares ou casais tradicionais. Noyes desenvolveu o casamento complexo, onde todos eram casados com todos, e diferenciou entre amor amoroso (sexo pelo prazer) e amor propagativo (sexo para gerar filhos).

Para evitar filhos indesejados, os homens praticavam a continência masculina, uma técnica de controle da ejaculação. Mulheres na pós-menopausa introduziam jovens rapazes na prática, enquanto homens mais velhos ficavam com as moças.

Essa técnica de controle de natalidade foi bastante efetiva, com apenas 12 filhos não planejados em 20 anos. Além disso, a prática priorizava a intimidade e o prazer feminino, algo raro para a época.

Os Filhos

Para a reprodução, a comunidade adotou a estirpecultura, um método de reprodução seletiva. Aqueles que desejavam ter filhos passavam por um comitê que avaliava suas qualidades morais. Os bebês eram criados pela comunidade, sem vínculos com os pais biológicos.

Em dez anos, 58 bebês nasceram dessa maneira. Esse foi o primeiro experimento de eugenia nos EUA, uma prática que mais tarde seria associada ao nazismo.

As Mulheres

As mulheres em Oneida tinham liberdades impensáveis para o resto do país na época. Elas podiam usar roupas práticas e trabalhar em funções consideradas masculinas. Homens e mulheres tinham status praticamente iguais, todos sujeitos à visão e vontade de Noyes.

Essa centralização no líder, porém, acabou levando ao fim da comunidade. Noyes tentou passar o comando para seu filho, que não tinha o mesmo carisma, e um membro da comunidade tentou tomar o controle, gerando um racha.

No início dos anos 1880, a comunidade se desfez. As pessoas abandonaram o casamento complexo e muitos assumiram relacionamentos monogâmicos. Noyes morreu em 1886.

Desfechos Inesperados

James Towner, um membro da comunidade, se estabeleceu na Califórnia e se tornou um agricultor inovador e procurador municipal. Ele ajudou a criar o Condado de Orange, um bastião do conservadorismo americano no século 20.

Na Costa Leste, ex-membros da comunidade fundaram a empresa Oneida, que se tornou uma das maiores fabricantes de talheres do mundo.

Um ex-membro da Oneida, Charles Guiteau, idolatrava Noyes, mas não conseguiu se adaptar à seita. Em 1881, ele assassinou o presidente dos EUA, James Garfield, e foi executado na forca.

A Comunidade Oneida deixou uma marca imprevisível na sociedade, com suas práticas radicais e inovadoras para a época.

Fonte: https://www.uol.com.br/nossa/colunas/terra-a-vista/2025/11/03/hippies-do-seculo-19-seita-crista-defendia-amor-livre-e-prazer-feminino.htm

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