No dia 19 de setembro, o navio Spiridon II, um velho cargueiro russo transformado para transporte de animais, deixou Montevidéu, Uruguai, rumo à Turquia. A bordo, 2.850 novilhas, vacas jovens destinadas ao abate e produção de leite.
Chegada e Problemas
Em 22 de outubro, o navio chegou ao porto de Bandirma, na Turquia, mas não pôde atracar. As autoridades turcas encontraram divergências nos manifestos de carga e impediram o desembarque dos animais. Começava aí uma saga de sofrimento para os animais, presos em condições insalubres no navio.
Viagem de Volta
Agora, o Spiridon II está a caminho do Uruguai, em uma jornada de 18.000 quilômetros. A situação é crítica: os animais enfrentam uma nova viagem longa e difícil, e muitos podem não sobreviver.
Abortos e Mortes
Na viagem de ida, cerca de 60 vacas morreram. Fotos mostravam sacos suspeitos no convés, possivelmente contendo as carcaças. Além disso, das 800 vacas prenhes, apenas 50 bezerros nasceram, indicando que muitos filhotes morreram devido às péssimas condições a bordo.
Condições Precárias
O navio não tem motor, energia elétrica ou fogão. À noite, Alex usa a proximidade com um poste de rua para tentar enxergar algo dentro do barco. Para cozinhar, ele usa um fogareiro a carvão.
Espaço para os Cães
Para dar mais espaço aos cães, Alex construiu um deque flutuante ao redor da traineira, com pedaços de tábuas, restos de madeira, engradados e lonas plásticas, apoiados sobre boias. É ali que os animais passam boa parte do dia, surpreendendo quem passa de barco ou pelas ruas ao redor do Quadrado.
Feira de Adoção
Aos domingos, os cães de Alex são levados pelos voluntários da Urcapets para uma feirinha de adoção no bairro. “Todo mundo quer conhecer os cães marinheiros”, diz Raquel. “Mas, até agora, não conseguimos doar nenhum deles, embora estejam todos saudáveis, castrados, vacinados e vermifugados e sejam muito dóceis”, lamenta.
Um Amor Incondicional
Os sete vira-latas de Alex foram resgatados das ruas ou nasceram no barco antes de serem castrados. “Cada um deles é de um jeito, e gosto de todos. Mas o meu preferido é o Caramelo, que pesca até peixe”, diz Alex, já dividido entre a futura saudade dos companheiros e a consciência de que isso será melhor para eles.
Um Caso Inspirador
A relação de amor que Alex tem pelos seus cães é a mesma que já levou muitos navegantes a terem animais de estimação a bordo de seus barcos. Um exemplo recente é o do velejador australiano Tim Shaddock, que passou mais de dois meses à deriva no Oceano Pacífico com uma vira-lata que adotou pouco antes de partir.
Problemas no Porto
Em 9 de novembro, o Spiridon II recebeu permissão para atracar brevemente e reabastecer. Mas as condições a bordo eram terríveis: níveis altos de amônia e acúmulo de carcaças de animais mortos. Isso pode levar à proibição de atracar no Uruguai, criando uma crise sanitária e humanitária.
Medidas Urgentes
ONGs uruguaias estão pressionando o governo para permitir o desembarque dos animais e enviá-los a um santuário. No entanto, o governo uruguaio sugeriu que a empresa dona dos animais tente vendê-los em outro porto, o que parece improvável.
Histórico de Problemas
O Spiridon II tem um histórico problemático, com 170 registros de deficiências. Desde 2020, já esteve oito vezes no Brasil, embarcando bovinos no porto de Vila do Conde, no Pará.
Conclusão
O caso do Spiridon II é um exemplo chocante dos problemas no transporte de animais vivos. É uma situação que exige atenção urgente para evitar mais sofrimento e garantir o bem-estar dos animais.
Fonte: https://www.uol.com.br/nossa/colunas/historias-do-mar/2025/11/21/presas-60-dias-em-navio-2850-vacas-sao-devolvidas-e-devem-chegar-mortas.htm
