Quem nunca viu algo estranho em um aeroporto? Desde pessoas dormindo no chão até alguém fazendo ioga na frente das telas de informações. E claro, tem aqueles casos mais sérios, como discussões entre bêbados ou até tentativas de abrir portas do avião em pleno voo. 😱
Problemas no Ar
Esses comportamentos extremos têm aumentado nos últimos anos, muitas vezes forçando aviões a desviarem. Para resolver isso, algumas pessoas sugerem reduzir ou até proibir a venda de bebidas alcoólicas em aeroportos e aviões. A RyanAir, por exemplo, já pediu para limitar o consumo de álcool nos bares dos aeroportos a duas bebidas por pessoa.
Mas será que a culpa é só do álcool? Ou tem algo nos aeroportos que nos faz agir diferente? Vamos ver o que a psicologia diz sobre isso.
Expectativas, Estresse e Ansiedade
Para muitos, a aventura começa no aeroporto, e isso muda o estado de espírito das pessoas. Elas ficam ansiosas para começar as férias. Por outro lado, algumas pessoas sentem ansiedade ao voar, o que pode levar a comportamentos agressivos.
O barulho e a multidão também não ajudam. Estudos em psicologia ambiental mostram que somos muito sensíveis ao ambiente ao nosso redor. Multidões e ruídos excessivos podem nos deixar estressados e ansiosos, aumentando a irritabilidade e a chance de explosões de raiva.
Terra de Ninguém
Os aeroportos podem ser vistos como zonas onde os limites se confundem. Depois de passar pela segurança, estamos em uma terra de ninguém entre países. O conceito de lugar se torna indistinto, e a ideia de tempo também se dilui. Isso pode causar desorientação, já que perdemos nossos marcadores de rotina e nacionalidade.
Essa desorientação pode ter efeitos prejudiciais. Sabemos quem somos em relação às nossas rotinas diárias e ambientes familiares. Sem esses marcadores, podemos nos sentir à deriva.
Foco no Futuro
Nos aeroportos, o momento presente não é bem-vindo. Todos estão focados no futuro, nos voos e nas aventuras que os aguardam. Esse foco intenso no futuro pode levar à frustração, especialmente se os voos atrasarem.
Os limites pessoais também se tornam fluidos. Além do comportamento antissocial, os aeroportos podem ser lugares onde estranhos compartilham seus planos de viagem com uma intimidade incomum. E o álcool pode facilitar essa coesão.
Efeitos Libertadores
O lado positivo é que isso pode ter um efeito libertador. Normalmente, vemos o passar das horas como um inimigo que rouba momentos de nossas vidas. Então, sair dessa situação pode ser como sair de uma prisão.
O mesmo se aplica à identidade. Um senso de identidade é importante para nossa saúde psicológica, mas pode ser limitante. Sair das nossas rotinas e ambientes habituais é estimulante. O ideal é que essa liberdade continue durante nossas aventuras no destino.
Contudo, é melhor que seja uma liberdade sóbria. Segundo as teorias do psicanalista Sigmund Freud, o que acontece nos aeroportos pode ser uma mudança do nosso ego civilizado para a parte primitiva da psique, que exige gratificação instantânea.
Fora das restrições normais, alguns turistas deixam que o ego se expresse assim que passam pela segurança. E, se ficarem bêbados, essa identidade egoica pode causar estragos.
Proibir o Álcool?
Proibir álcool em aeroportos pode parecer exagero. Mas com tantos fatores que incentivam o comportamento antissocial, é difícil pensar em outra solução. Em uma situação onde as fronteiras são confusas, estabelecer um limite legal pode ser a única esperança.
Steve Taylor, professor sênior de psicologia na Universidade Leeds Beckett.
Este artigo é republicado de The Conversation sob a licença Creative Commons. Leia o artigo original.