A Redescoberta da Uva Carignan: De Desvalorizada a Estrela dos Vinhos

Se você curte vinho, talvez já tenha ouvido falar da carignan. Há um tempo, essa uva era vista como de segunda ou terceira categoria. Robert Joseph, no livro “French Wines”, dizia que os vinhos do Languedoc eram melhores quanto menos tivessem da “chata carignan”.

O Passado da Carignan

Nos anos 90, o Languedoc ainda focava mais em quantidade do que qualidade. A carignan, resistente ao calor e muito produtiva, era usada sem grandes preocupações com a excelência dos vinhos.

Mas essa história mudou. Hoje, é comum encontrar vinhos incríveis com boas quantidades de carignan, tanto em cortes com outras uvas típicas da região (como grenache, syrah, cinsault e mourvèdre) quanto sozinha.

O segredo? Reduzir a produtividade das videiras. Por isso, as vinhas velhas de carignan, naturalmente menos produtivas, são tão valorizadas.

O Renascimento no Chile

No início dos anos 2000, viticultores chilenos começaram a valorizar vinhas antigas no Vale do Maule. Encontraram plantas de carignan praticamente esquecidas e fizeram vinhos ótimos. Até criaram o grupo Vigno (Vignadores de Carignan).

As castas país e cinsault passaram por processo semelhante. Essa redescoberta ajudou a melhorar a imagem do Chile no mercado internacional, mostrando que o país pode produzir vinhos artesanais de qualidade.

Carignan pelo Mundo

Acredita-se que a carignan tenha origem na região de Aragón, na Espanha, onde é conhecida como cariñena. Ela também faz parte dos cortes de Rioja (onde é chamada de mazuelo) e é importante na Catalunha (onde é chamada de samsó).

Na França, a carignan não está restrita ao Languedoc-Roussillon, sendo encontrada em áreas de clima mediterrâneo como a Provence e o sul do Rhône. Na Itália, está presente na Sardenha, conhecida como carignano.

Pelo Mediterrâneo, há plantações de carignan na Tunísia, Argélia, Marrocos, Chipre e Israel. E também em países como Estados Unidos, Croácia, Malta, Turquia, África do Sul, Austrália e até China.

O Sabor da Carignan

Os vinhos de carignan têm aromas de frutas vermelhas como framboesa e cranberry, e às vezes frutas pretas como amora e ameixa, além de especiarias como cravo. Na boca, apresentam um tom terroso e meio sanguíneo, com uma sugestão de carnes defumadas. Normalmente, são vinhos de corpo médio e boa acidez.

Feira Naturebas 2024

A Feira Naturebas, que começou em 2013, é um evento diferente. Focada em vinhos naturais, cria um clima mais informal e divertido. A próxima edição será nos dias 21 e 22 de junho, no Pavilhão da Bienal, em São Paulo. Terá produtores brasileiros e estrangeiros, além de importadoras. Os ingressos ainda estão disponíveis por R$ 239 mais taxas.

Saideira

Esse tava bom
Jean-Marie Rimbert, do Languedoc, é um defensor da carignan há mais de 25 anos. Seus vinhos são feitos com cuidado e organicamente. O Carignator 2019, um vin de France, é todo de carignan. É rústico, franco e muito aromático, com frutas vermelhas e pretas, especiarias doces e algo floral. Custa R$ 240 na importadora.

Esse também
O Odfjell Orzada carignan 2021 é ótimo, com aromas de frutas do bosque pretas e vermelhas, algo meio animal no aroma, fresco e completo na boca, com taninos finos e algo terroso. Feito com uvas orgânicas no Vale do Maule, estagiou de 12 a 14 meses em tanques de inox. Infelizmente, está esgotado na importadora, então vale procurar em lojas ou planejar uma viagem ao Chile.

Fonte: https://www.uol.com.br/nossa/colunas/vamos-de-vinho/2025/05/25/a-redescoberta-carignan-deveria-estar-no-seu-radar.htm

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