Uma pequena ilha no Atlântico surpreendeu o mundo ao anunciar seu desejo de ser anexada pela Argentina. Não, não são as Malvinas. Estamos falando de Annobón, uma ilha a 500 quilômetros da costa africana.
Que Lugar é Esse?
Annobón é a menor e mais isolada província da Guiné Equatorial. Está mais perto de São Tomé e Príncipe do que de sua própria capital, Malabo. Em 2022, Annobón iniciou um processo de tentativa de emancipação. O autoproclamado primeiro-ministro da ilha, Orlando Lagar, acusa a Guiné Equatorial de discriminação e até genocídio.
“Somos um povo diferente, com uma identidade cultural e uma língua diferente”, declarou Lagar. Ele quer recuperar os laços com os países que formavam o Vice-Reino do Rio da Prata, especialmente com Buenos Aires.
História e Colonização
Annobón foi descoberta por navegadores portugueses em 1473. A ilha entrou na rota do comércio escravagista português, recebendo navios negreiros de Angola e São Tomé. A miscigenação deu origem a um povo com identidade e cultura únicas, e um novo idioma, o crioulo de Annobón.
Em 1778, Portugal cedeu Annobón à Espanha, e a ilha passou a ser controlada a partir de Buenos Aires. No século 19, Madri restabeleceu o controle direto sobre o território, que permaneceu até 1968, quando a Guiné Espanhola se tornou independente, adotando o nome Guiné Equatorial.
Perseguição e Ditadura
Francisco Nguema se autoproclamou presidente vitalício da Guiné Equatorial e governou até ser executado em 1979. Seu sobrinho, Teodoro Obiang Nguema Mbasogo, comanda o país desde então. Em 1993, Mbasogo aumentou a repressão em Annobón, mas a pressão internacional ajudou a liberar presos políticos.
Geopolítica e Cultura
Em 2006, Annobón ajudou a Guiné Equatorial a entrar na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). Em 2014, o português foi restabelecido como idioma oficial do país, além do espanhol e do francês. A ligação histórica de Annobón com as antigas colônias portuguesas foi crucial para essa movimentação.
Uma Nova Conexão
Apesar da forte raiz lusitana, o primeiro-ministro de Annobón quer resgatar laços com a Argentina e seu passado como colônia espanhola. Será que é só para chamar a atenção? Ou há algum outro elemento em jogo?
Lagar e outro líder do movimento são veteranos da revolta de 1993 e vivem exilados na Espanha. Em 2013, no último referendo sobre as Malvinas, 99,8% dos eleitores decidiram continuar com o status de território britânico. Mas, pelo menos no Google Maps, Annobón já é mais argentina do que as Malvinas.
Humor Online
Argentinos começaram a editar os endereços da ilha africana no Google Maps. Annobón agora tem uma estátua dedicada a Diego Maradona, uma igreja maradoniana, uma praça dedicada ao general San Martín e churrascarias. O ápice é uma estrutura semicircular chamada “A Outra Metade da Bombonera”.
Fonte: https://www.uol.com.br/nossa/colunas/terra-a-vista/2025/06/08/malvinas-que-nada-por-que-ilha-africana-no-atlantico-quer-ser-argentina.htm