Imagina só, um pequeno pastifício familiar na Itália, com produção artesanal, que se torna fornecedor oficial do Vaticano. Parece história de filme, né? Mas é real! O Antico Pastificio Colasanti, fundado em 1959 por Alvaro Colasanti e sua esposa Enza, em Terni, na Úmbria, alcançou essa façanha.
Do Pastifício ao Vaticano
Em 2012, a fama do Antico Pastificio Colasanti chegou ao Vaticano. Na ceia de Natal daquele ano, o então papa Bento 16 saboreou o famoso tortellini da empresa. A partir daí, a reputação do pastifício só cresceu. Quando o Papa Francisco assumiu, ele deu um passo além e instituiu a Colasanti como fornecedora oficial das massas do refeitório do Vaticano.
Hoje, o pastifício é gerido pelos filhos dos fundadores, Marco e Matteo. Eles mantêm a tradição, mas também inovam, seguindo as tendências do mercado gastronômico e utilizando tecnologias modernas. A empresa valoriza produtos locais, como farinha e ovos orgânicos, porco criado solto, mortadela IGP e parmesão DOP. Essa dedicação à qualidade rendeu ao pastifício um lugar na lista do Slow Food de melhores estabelecimentos italianos do setor.
Doação do Papa Francisco
O amor do Papa Francisco pela culinária italiana foi além. Ele doou 200 mil euros ao Pastifício Futuro, um projeto que ajuda detentos menores de 18 anos a se reintegrarem na sociedade. O pastifício, localizado na periferia de Roma, emprega 20 jovens e tem capacidade para produzir até duas toneladas de massa por dia. A qualidade da pasta é tão alta que atraiu chefs renomados como Arcangelo Dandini e Luciano Monosilio.
Vinhos Divinos
A Úmbria, conhecida como o “coração verde da Itália”, também conquistou o Vaticano com seus vinhos. O Montefalco Sagrantino Semèle, um passito da vinícola Cesarini Sartori, é um dos preferidos dos pontífices. A história desse vinho remonta a 2011, quando o Papa Bento 16 o provou durante um voo para Benin, na África. Desde então, o vinho tem sido uma escolha frequente para eventos vaticanos.
O Papa Francisco também apreciava vinhos de outras regiões. Em 2023, para uma missa em Marselha, ele escolheu um rótulo da Domaine de la Bénisson-Dieude, uma vinícola francesa com produção orgânica. A vinícola foi criada por um casal parisiense, Audé-Reine e Régis Anouil, que se aventuraram no mundo do vinho e agora fornecem para eventos importantes como a reabertura da Catedral de Notre-Dame.
Rótulo Vaticano
A relação entre vinho e igreja está prestes a ganhar um novo capítulo. O Vaticano está desenvolvendo seu próprio rótulo de vinho, produzido na propriedade de Castel Gandolfo, a 25 km de Roma. A escolha foi por um tinto de Cabernet Sauvignon, que será envelhecido em barris de carvalho e engarrafado em 2026.
O Conclave e a Culinária
Recentemente, Roma viveu a euforia da escolha de Leão 14 como novo pontífice. Uma das curiosidades que mais circula é sobre a alimentação durante o conclave. As refeições são leves para não afetar a digestão e concentração dos cardeais. A “pasta del conclave”, uma receita simples de massa, manteiga e parmesão, é uma das mais icônicas desse período.
O menu do conclave inclui café da manhã com pão e geleia, almoço com massa ou risoto, carne branca e verduras, seguidos de fruta. O jantar é frugal, com sopa, sanduíche de verduras ou saladas. Essas regras foram estabelecidas para evitar longos conclaves, como o que durou três anos no século 13.
O conclave mais farto foi o que elegeu Giulio 3º em 1550, com banquetes preparados pelo chef Bartolomeo Scappi, autor do primeiro livro de um chef profissional.
Fonte: https://www.uol.com.br/nossa/noticias/redacao/2025/05/10/habemus-fome-quem-faz-pasta-vinho-e-ate-o-rotulo-proprio-do-vaticano.htm