Gente, olha só que tenso! Um barco com sete pessoas a bordo naufragou em São Vicente, no litoral paulista, enquanto atravessava a famosa Garganta do Diabo, no último domingo, 30. Cinco pessoas foram resgatadas pelo Grupamento de Bombeiros Marítimos (GBMar) e pela Marinha, mas duas ainda estão desaparecidas até a tarde desta segunda-feira, 30, segundo as autoridades.
A Garganta do Diabo é uma fenda estreita na entrada da Baía de São Vicente, conhecida por suas marés agitadas e correntezas fortes que vêm do sul. Isso, junto com as ondas altas formadas pelo excesso de sedimentos, torna o local super perigoso.
Pedro Felipe Costa Pedroza Martins, 1º Tenente da Polícia Militar e porta-voz do GBMar, explicou que a Garganta do Diabo fica entre a Ilha Porchart e o Parque Estadual Xixová-Japuí, servindo como entrada para a Baía de São Vicente e acesso a lugares como a praia do Gonzaguinha e a Ponte Pênsil. “Por ter um gargalo, as correntes são muito fortes, tanto de enchentes como de vazantes”, diz Martins.
O tenente também mencionou que o local tem partes rasas, o que favorece o surgimento de ondas altas, que podem chegar até 4 metros. No momento do chamado, as ondas estavam a 1,5 metro, o que já é o suficiente para virar uma embarcação.
“Por ser uma região costeira com fundo de pedras e partes rasas, as ondas ganham altitude conforme se aproximam. Isso atrai surfistas de tow-in, que são rebocados por jet ski”, diz o tenente. “Dependendo do mar, as ondas podem chegar a 2, 3, até 4 metros na Garganta do Diabo”.
O biólogo e pesquisador Fábio Sanches, da Unifesp, explica que a região tem uma geomorfologia e hidrodinâmica que favorecem mudanças nas bancadas de areia. “Algumas áreas são mais rasas devido à deposição de sedimentos, enquanto outras são mais profundas”, diz ele.
“Na Garganta do Diabo, há uma bancada de areia mais rasa, provavelmente por causa da Ilha Porchat. Com a maré baixa, a bancada fica ainda mais rasa, e as ondas do sul costumam ficar maiores”, explica Sanches.
Os perigos da região contribuíram para o nome “Garganta do Diabo”, diz o Tenente Martins. “A navegação é difícil e o acesso à Baía de São Vicente exige cuidados específicos. Não é uma navegação simples”.
Barco Naufraga com Sete Pessoas
O Corpo de Bombeiros foi acionado às 19h18 por moradores de São Vicente após uma embarcação de pequeno porte, com sete pessoas, ter afundado entre a Ilha Porchat e a Praia de Paranapuã, próximo à Garganta do Diabo.
Cinco pessoas foram resgatadas nas duas primeiras horas após o naufrágio, segundo os bombeiros. Elas foram atendidas pelo Samu e quatro foram levadas ao Pronto Socorro Central de São Vicente, já recebendo alta. A quinta pessoa dispensou atendimento médico.
Na manhã desta segunda-feira, as buscas pelos desaparecidos foram retomadas pela equipe da Estação de Bombeiros Guarda Vidas de São Vicente. Segundo o GBMar, os sobreviventes relataram que duas mulheres se desgarraram do grupo no momento do naufrágio. Não se sabe se elas estavam usando coletes salva-vidas.
A Marinha do Brasil informou que a Capitania dos Portos de São Paulo tomou conhecimento da ocorrência na noite de domingo e enviou uma equipe para conduzir as buscas junto com o Corpo de Bombeiros Militar de São Paulo.
Um inquérito administrativo foi instaurado para investigar as possíveis causas e responsabilidades. “Cabe ressaltar que não houve registro de poluição hídrica resultante do afundamento da embarcação”, diz a nota da Marinha.
Os registros da ocorrência também serão encaminhados para a Polícia Civil, que investigará as causas do acidente.