Gente, olha só essa história! Em 1940, a África foi arrastada para a Segunda Guerra Mundial. A Itália fascista usou a Líbia, sua colônia, para tentar conquistar o Egito, que estava sob controle britânico. Quando a coisa apertou, os italianos receberam ajuda dos nazistas, liderados pelo famoso general Erwin Rommel, a ‘raposa do deserto’. Eles retomaram a ofensiva com tudo.
No começo de 1941, os alemães atacaram a Líbia, e os franceses tiveram que segurar a linha de defesa em Bir Hakeim, um antigo entreposto otomano no deserto, a 70 km da costa do Mediterrâneo. Sem defesas naturais e cercados por um campo minado, os franceses cavaram trincheiras e fortificaram o lugar como puderam para enfrentar um exército 15 vezes maior. A missão era atrasar o avanço alemão para dar tempo aos ingleses de organizarem a contraofensiva.
Em 5 de junho, Rommel anunciou que tinha feito 4 mil prisioneiros e, seis dias depois, que tinha penetrado a fortaleza de Bir Hakeim. Foi uma vitória técnica para os alemães, mas os franceses cumpriram sua missão de retardar os tanques germânicos. Esse heroísmo foi um banho de moral para a França, humilhada pela invasão nazista em 1940. O episódio foi celebrado e reconhecido dos dois lados do Canal da Mancha.
Mas, segundo a rede de TV France 24, para o cidadão comum francês, especialmente os parisienses, Bir Hakeim é só uma estação de metrô e uma ponte. Para historiadores, a batalha é pouco conhecida pelo público hoje em dia.
A Ponte Bir Hakeim
Agora, falando da ponte, ela é um dos lugares mais fotografados do rio Sena. Assim como o Grand Palais, a ponte Alexandre III e a Torre Eiffel, a Pont de Passy, como era chamada, foi inaugurada para a Exposição Universal de 1878 e tinha o aço como material principal. A ponte passava por uma ilha artificial, a Île aux Cygnes (‘ilha dos cisnes’), criada em 1827 para proteger outra ponte, Grenelle, e ajudar a controlar o tráfego fluvial.
Entre os marcos da Exposição de 1878 estava a cabeça da Estátua da Liberdade, exposta ao público. O monumento seria inaugurado oito anos depois em Nova York como um presente dos franceses aos Estados Unidos. Três anos depois, em 1889, os americanos retribuíram com uma réplica menor da Estátua da Liberdade, que está até hoje em uma das pontas da Île aux Cygnes.
Em 1905, a ponte foi substituída por uma mais moderna para acomodar o metrô, que estava em expansão. Novas tecnologias permitiram que ele deixasse o subterrâneo para cruzar o rio, e assim a Passy ganhou um novo nível elevado, exclusivo para os trens.
Em 1948, com a Segunda Guerra encerrada e os nazistas derrotados, a França vivia uma época de homenagear novos heróis e episódios da história recente. Assim, a ponte foi rebatizada e virou a Bir Hakeim.
A estrutura dela é a mesma. Carros, bicicletas e pedestres dividem o nível inferior e a linha 6 do metrô usa o superior. Quem quiser uma vista espetacular da Torre Eiffel do transporte público deve usar essa linha. Quando o metrô sai de Montparnasse em direção ao Trocadéro, ele sobe devagarinho à superfície e logo a torre surge, descomunal, à direita, com o Sena sob os trilhos.
Além da localização privilegiada, a ponte é também um ímã para fotografias. As estátuas em homenagem a temas como ciência e eletricidade e a estrutura de aço compõem um cenário valorizado por fotógrafos e cineastas. Filmes como ‘Ascensor para o Cadafalso’ (1957), ‘O Último Tango em Paris’ (1972) e ‘A Origem’ (2010) tiveram cenas lá.
Bir Hakeim também apareceu em filme com Nicolas Cage (‘A Lenda do Tesouro Perdido’) e clipe de Janet Jackson. Ela tem uma vocação pop inegável, atraindo influenciadores e fotógrafos profissionais para sessões com clientes.
Segundo o estúdio de foto e vídeo Kiss Me in Paris, a Bir Hakeim é um dos poucos locais com iluminação realmente boa para fotografia na capital. O melhor momento do dia é a chamada hora azul, quando o sol está pouco abaixo da linha do horizonte e o céu ganha uma tonalidade azulada.