Brasil Precisa de Estratégia para Difundir sua Cultura no Mundo

Gente, vocês sabiam que o Brasil ainda não tem uma estratégia concreta para espalhar nossa cultura pelo mundo? Pois é, isso foi discutido no ciclo “Printemps Brasilien” na Universidade Sorbonne Nouvelle, em Paris. Eu fui convidado para falar sobre cultura brasileira e políticas públicas culturais, focando no desenvolvimento econômico, social e sustentável.

Debate na Sorbonne

O evento rolou no Centro de Pesquisa de Doutorandos da Universidade e foi coordenado pelo professor Leonardo Tonus. Durante o debate, ele e a doutoranda brasileira Sandra Soares levantaram a questão: quais seriam as estratégias para difundir nossa cultura lá fora, considerando nossa riqueza cultural imensa?

“Sabemos de atividades pontuais dentro da agenda política do governo brasileiro e de grandes produções em mega eventos internacionais como a COP 30, na Amazônia, o G20 e as Olimpíadas no Rio. São obviamente momentos importantes, mas não ações estruturantes no sentido da internacionalização da nossa cultura.”

Sucessos Isolados

Além disso, temos casos de sucesso isolados, graças ao talento dos nossos artistas e produtores. Mas esses sucessos não vêm de medidas concretas e permanentes que poderiam beneficiar todo o setor cultural.

Os prêmios do nosso cinema, as fotos de Sebastião Salgado, as artes de Kobra e OsGemeos, o brilho da Anitta em festivais como o Coachella, as turnês dos nossos músicos, os livros de Paulo Coelho, as traduções de Jorge Amado e, claro, a Bossa Nova, são exemplos do nosso potencial. Esses feitos precisam ser celebrados, mas não foram resultados de uma ação organizada.

Exemplo Recente

Recentemente, Marcelo Rubens Paiva, autor do livro “Ainda Estou Aqui”, lotou o auditório da mesma universidade. O sucesso do filme baseado em seu livro fez o mundo conhecer seu talento literário, que já poderia ter sido internacionalizado há tempos.

“Um plano estratégico robusto de difusão da cultura brasileira passaria por uma ampla articulação de órgãos como o Ministério da Cultura, Ministério das Relações Exteriores, Embaixadas Brasileiras, ApexBrasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos), Embratur, governos estaduais, entre outros.”

Passos para o Futuro

Um passo fundamental seria criar um calendário cultural permanente para nossos artistas, de todas as linguagens e tamanhos, circularem pelo mundo. Outro passo seria garantir a presença do Brasil em todos os eventos internacionais de diversas áreas culturais, conectando-se com a população e as comunidades criativas locais.

É comum ver espaços dedicados à cultura brasileira em eventos internacionais, mas geralmente esses espaços ficam isolados, frequentados apenas por brasileiros locais ou delegações.

“Importante também superarmos uma certa resignação diante da suposta barreira que o nosso idioma nos impõe. Com tanta tecnologia disponível, já seria possível criar com facilidade formas de acelerar traduções para ampliarmos o nosso alcance cultural.”

Reflexão Final

Na Sorbonne Nouvelle, terminamos a reflexão com outra provocação: o Brasil deveria focar suas atividades econômicas no que poderíamos chamar de “PIB da festa”, que envolveria todas as expressões artísticas feitas no Brasil e nossa especialidade em realizar festas populares como o Carnaval e os festejos juninos.

Apesar de todos os nossos problemas, ninguém mistura arte com festa melhor do que a gente. A cultura brasileira deveria ser nosso principal produto de exportação.

Fonte: https://www.uol.com.br/nossa/colunas/ale-youssef/2025/05/06/sem-plano-estrategico-cultura-brasileira-e-pouco-difundida-pelo-mundo.htm

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