Nem skinny, nem relaxed — talvez um pouco dos dois. A calça flare é a protagonista do momento entre as modelagens de jeans. Como em uma viagem ao passado, mais especificamente à década de 1970, a peça, conhecida por seu corte ajustado até os joelhos e pela abertura ampla nas barras, atualmente ocupa o posto de roupa-desejo em 2025.
O Retorno da Calça Flare
Em fevereiro, Kendrick Lamar provou isso ao estampar manchetes com uma jeans flare, parte do figurino para apresentar-se no intervalo do Super Bowl.
Na performance, a calça da Celine, voltada (até então) comercialmente para o público feminino e desenvolvida por Hedi Slimane, transformou-se em um item de desejo – tanto para mulheres como para homens e à venda por US$ 1.200, cerca de R$ 7.000. Para os que estavam acostumados a ver grandes estrelas do rap vestindo roupas majoritariamente largas, o artista desfilava uma agradável surpresa.
Um Look Icônico
O look rapidamente se tornou um ícone ao mesclar elementos de streetwear e alta-costura. Para isso, a stylist de Lamar, Taylor McNeill, responsável pelo visual, uniu as referências da cultura urbana ao refinamento da Celine. O impacto foi imediato, e o modelo da calça flare esgotou pouco tempo depois nas lojas da grife francesa em Nova York.
E não só Kendrick Lamar compõe a lista dos fashionistas adeptos da modelagem. Rihanna, sempre à frente das tendências, foi flagrada em Nova York vestindo, pouco tempo depois, utilizando a mesma Celine, complementada por um casaco de couro marrom.
Já Bella Hadid, que frequentemente dita tendências do street style, dentro e fora dos tapetes vermelhos e passarelas, optou por um resgate autêntico da era 2000 ao combinar a flare jeans de cintura baixa com um top cropped e um blazer oversized. A modelo, nesse caso, apostou na silhueta como um elemento-chave de um visual effortless.
Por Trás da Tendência
Em 2025, o retorno da calça flare não se limita ao saudosismo dos anos 1970, mas responde sobretudo a um comportamento de consumo cada vez mais focado em versatilidade e atemporalidade. A peça, com modelo originalmente usado por marinheiros dos Estados Unidos, a fim de facilitar a locomoção no trabalho, e posteriormente popularizado por meio de celebridades, como Jane Birkin, agora insere-se em um novo contexto.
Para Soledad Huidobro, especialista em tendências na WGSN, esse movimento não é apenas um reflexo da nostalgia fashion, mas uma resposta às novas demandas do consumidor. “O resgate das referências dos anos 1970, aliado ao sucesso do boho, tem um papel central nesse retorno. No entanto, o que realmente impulsiona a flare é a busca por peças que transitem entre diferentes momentos do dia e diferentes códigos de vestimenta”, explica.
Nas passarelas da temporada Primavera/Verão 2025, grandes marcas, como a Saint Laurent e a Chloé, trouxeram versões renovadas da flare. Nos desfiles, elas apareceram com cortes mais ajustados, tecidos de alta qualidade e propostas que ampliam sua presença em diversas silhuetas.
A reinterpretação da estética setentista também não se limita a um simples retorno ao boho. Segundo Huidobro, o estilo ganha uma abordagem mais refinada, combinando referências western e uma elegância descomplicada que traduz nostalgia e inovação. “Essa fusão faz com que o boho se torne novamente relevante, mas com um toque retrô e contemporâneo ao mesmo tempo”, aponta a especialista.
O Futuro da Flare
E até quando a calça flare permanecerá como protagonista? De acordo com a análise da WGSN, apesar do impacto do boho, outras modelagens começam a ganhar força, como as pantalonas, que representaram 64,9% das peças apresentadas nas coleções mais recentes.
À medida que o estilo boho dá espaço para novas tendências, peças como as pantalonas começam a dividir espaço e até a ganhar destaque. Estamos observando um novo equilíbrio entre modelagens amplas e estruturadas, conclui Huidobro.
O que fica claro é que a moda não se limita a reviver o passado — ela o reinterpreta para que continue fazendo sentido no presente. A calça flare passa por um processo de reinvenção, acompanhando as mudanças de comportamento e consumo – de olho principalmente na Gen Z, engrenagem cobiçada pelas grandes grifes para se manterem relevantes, enquanto se mantém fiel ao que fez dela uma peça que retratou o lifestyle de uma década determinante para muitas das influências que vestimos hoje.
Fonte: https://www.uol.com.br/nossa/noticias/redacao/2025/04/07/da-it-girl-dos-anos-1970-ao-rapper-em-2025-flare-e-calca-da-vez-para-todos.htm