Gente, olha só essa novidade! A tradicional feira de Natal em Colônia, na Alemanha, está com um aroma doce no ar e cheia de delícias. O público é super internacional, com pessoas falando francês, inglês, holandês e, claro, alemão.
Em uma das barraquinhas, tem um monte de castanhas de caju e frutos secos, mas o que está bombando mesmo é o chocolate de Dubai feito à mão. Todo mundo quer experimentar essa delícia!
Esse estande é da empresa Kischmisch, que normalmente vende especialidades da Ásia Central. Mas, como conta o fundador Nasratullah Kushkaki, o chocolate de Dubai é o novo queridinho e esgota quase todos os dias, mesmo custando 7,50 euros (R$ 47,90) por 100 gramas.
O empresário teuto-afegão não está sozinho nessa onda. Em vários mercados natalinos da Alemanha, dá pra encontrar chocolate de Dubai quente, em crepes e waffles. Mas será que é permitido usar esse nome assim?
Chocolate, creme de pistache, aletria e marketing
Como o nome sugere, esse chocolate vem da cidade mais populosa dos Emirados Árabes Unidos. A criadora é Sarah Hamouda, fundadora da Fix Dessert Chocolatier.
No Instagram, ela conta que tudo começou com seus desejos de grávida. Como o marido não encontrava nada que a satisfizesse em Dubai, ela mesma inventou a combinação de chocolate em barra com recheio de pistache e fios crocantes de aletria, ou cabelo de anjo. A ideia viralizou no TikTok.
Qualquer um pode fazer essa variação de chocolate, mas a questão é se pode ser chamada de “chocolate de Dubai”. Normalmente, uma indicação de origem para produtos alimentares precisa ser registrada internacionalmente. Tipo o champanhe, que só pode ser chamado assim se vier da região de Champagne, na França.
As normas de proteção de origem estão no Ato de Genebra do Acordo de Lisboa, assinado por 30 parceiros internacionais, incluindo a União Europeia. Mas ele só vale nos países signatários, e os Emirados Árabes Unidos não fazem parte, explica o advogado especializado em patentes Rüdiger Bals.
Por outro lado, também são possíveis acordos bilaterais, complementa o Departamento Alemão de Patentes e Marcas (DPMA): “Teoricamente, os emiradenses poderiam declarar ‘chocolate de Dubai’ como uma indicação de origem protegida em seu país e pedir à Comissão Europeia que a reconheça.”
Pedidos de registro avançam, vendas também
No momento, várias confeitarias, influenciadores e até grandes fabricantes de chocolate, como a suíça Lindt, estão aproveitando a moda e vendendo seus produtos como “chocolate de Dubai”. Os preços são altos e os fãs enfrentam longas filas para comprar.
Apenas na Alemanha, foram apresentados 19 pedidos de registro de marcas para doces com a designação “Dubai”. No resto da Europa, são mais de 30. Mas Bals está cético sobre o sucesso desses pedidos, pois no direito de marcas se examina se há componentes diferenciais relevantes, e o nome “chocolate de Dubai” pode não ser suficiente.
Enquanto a polêmica burocrática continua, a nova mania prospera. O comerciante Nasratullah Kushkaki é um dos que estão lucrando com a enorme demanda pela novidade “exótica” na feira natalina de Colônia.