Você sabia que a madeira pode transformar completamente o sabor e o aroma de um vinho? Sem o carvalho, muitos dos vinhos que amamos hoje nem existiriam da mesma forma. Há milhares de anos, a madeira é usada para aprimorar a bebida, mas como saber se um vinho passou por barrica? Existem algumas dicas para identificar isso.
Desde 2000 a.C., recipientes de couro de cabra, ânforas e vasilhames de madeira eram usados para armazenar e transportar vinho. Mas foi durante o Império Romano que as barricas de carvalho começaram a ser usadas, provavelmente uma invenção dos gauleses.
O tamanho dos barris foi aperfeiçoado ao longo dos séculos, e os recipientes atuais, com cerca de 200 litros, são os maiores que uma pessoa pode rolar ou que duas pessoas conseguem carregar.
Inicialmente, a função das barricas de carvalho não era melhorar o sabor do vinho, mas produtores e apreciadores perceberam que a madeira acrescentava aromas e sabores deliciosos, mesmo sem entender o motivo.
Entre os benefícios da barrica, os taninos do vinho se tornam menos ásperos, deixando a bebida mais macia e fácil de beber. Só nas últimas décadas os motivos dessa transformação ficaram mais claros.
Estudiosos descobriram que a principal reação é uma lenta transferência de oxigênio entre as tábuas do barril, ajudando os elementos do vinho a se combinarem melhor, tornando-o mais redondo e equilibrado.
O que a madeira acrescenta ao vinho?
A substância mais famosa é o tanino, um polifenol presente não só na uva, mas também no carvalho. Aromas e sabores como baunilha, tabaco, café, manteiga, caramelo, especiarias como pimenta-do-reino, açúcar e coco queimado são alguns dos que o carvalho pode adicionar ao vinho.
Das cerca de 400 espécies de carvalho no mundo, apenas três são usadas para produzir barricas: duas europeias e uma americana, cada uma transferindo sabores diferentes. O carvalho americano é mais pronunciado e abaunilhado, enquanto o europeu é mais sutil. Nenhum é melhor que o outro, apenas diferentes.
Depois de dois ou três usos, as barricas perdem suas propriedades, mas ainda podem ser usadas para amadurecer vinhos fortificados e destilados.
Vinhos que podem envelhecer em barrica
Nem todo vinho é apto para envelhecer em barricas. Apenas os mais estruturados têm potencial para isso, pois precisam ter força suficiente para não serem dominados pelos aromas e sabores do carvalho.
O equilíbrio entre fruta e madeira é o grande desafio do produtor. Quando o enólogo escolhe a matéria-prima correta e acerta o tempo de amadurecimento, o resultado é um vinho excepcional.
Um exemplo é o Norton D.O.C. Malbec, um tinto da vinícola argentina Norton que estagiou 6 meses em carvalho americano e amadureceu mais 12 meses na adega (safra 2022). O enólogo-chefe David Bonomi soube dosar perfeitamente o uso da madeira nesse rótulo.
Produzido no terroir de Mendoza, esse Malbec com Denominação de Origem Controlada (DOC) apresenta aromas de frutas vermelhas maduras e pimenta-do-reino. Em boca, possui taninos macios, ótima estrutura e saboroso final. É perfeito para acompanhar carnes vermelhas e massas com molhos encorpados.
Agora que você aprendeu a reconhecer os aromas e sabores da barrica no vinho, só falta treinar seu olfato e paladar na prática.
BEBA MENOS, BEBA MELHOR.
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