Como Proteger Seus Pets do Barulho dos Fogos de Artifício

Todo ano é a mesma coisa: cães e gatos ficam apavorados com o barulho dos fogos no Réveillon e acabam fugindo ou se colocando em situações perigosas. É um problemão que afeta 52% dos cães, segundo um estudo da Universidade de Berna, na Suíça, publicado na revista PLOS ONE em 2019.

O impacto é tão sério que várias cidades proibiram os fogos de artifício, beneficiando não só os animais, mas também idosos, bebês, pessoas com autismo e outras condições de saúde. Isso porque os cães têm uma audição super sensível, captando sons a uma distância quatro vezes maior que os humanos. Barulhos acima de 60 decibéis já causam estresse físico e psicológico neles, segundo o CFMV (Conselho Federal de Medicina Veterinária).

O médico-veterinário Daniel Prates, dono de uma clínica no Distrito Federal, conta que já atendeu cães que se machucaram gravemente por causa do medo dos fogos. “Já vi um cão atravessar uma vidraça e chegar aqui cheio de cacos de vidro no rosto, peito e pescoço. Por sorte, não cortou a jugular nem os olhos. Também atendi um cão que morreu de infarto e outro que foi atropelado ao fugir assustado.”

Segundo Kellen Oliveira, presidente da Comissão de Bem-Estar Animal do CFMV, muitos filhotes sofrem um “erro de sociabilização” entre 21 e 90 dias de vida, desenvolvendo fobias. Para resolver isso, é preciso dessensibilizar ou contracondicionar os pets, senão eles podem até morrer de medo. Isso também vale para dias de trovoadas, jogos de futebol e festas juninas.

Como evitar traumas

A principal medida é não estourar fogos de artifício.

Mantenha o animal identificado, com plaquinha na coleira indicando telefone e email do tutor para o caso de fuga.

Deixe os animais à vontade, perto dos donos, onde eles se sentem mais seguros. Se pedirem colo, dê.

Prepare um ambiente acolhedor para o animal, que abafe o som dos fogos. Pode ser um quarto, a lavanderia ou a garagem. Não deixe-o em sacadas, perto de piscinas ou em correntes.

Crie um refúgio com “tocas” e o cheiro do dono, ou seja, espaços onde ele pode se esconder, como debaixo da cama ou caixas de transporte. Os gatos gostam de se esconder em lugares altos, como no topo de armários ou prateleiras.

Não deixe comida à vontade. Se você alimenta seu cão duas vezes por dia, o alimente pela manhã e prepare brinquedos com as comidas preferidas dele para dar na hora dos fogos, como ossos grandes —para evitar engasgamentos. Ele deve ficar motivado a se entreter e ficar menos preocupado com o barulho.

Ligue uma música ou a TV para disfarçar o barulho dos rojões.

Coloque protetores para o ouvido, que o veterinário pode indicar como colocar.

Não se estresse junto! Aja normalmente durante a barulheira.

Recompense a bravura: quando o pet sair do local de fuga sozinho, encha-o de carinho.

Colocar vários animais juntos pode ser pior e causar brigas ou ferimentos no momento de desespero.

Vai sair de casa?

Se os animais ficarem presos sozinhos ou forem deixados do lado de fora da casa, podem sofrer acidentes graves. Caso você tenha que sair de casa, escolha um lugar seguro para deixar o pet. O banheiro, por exemplo, isola o som e não permite fugas. Abasteça o espaço com caminha, água, brinquedos e uma pequena porção de comida.

Outras medidas em casos mais graves

Existem à disposição feromônios sintéticos que também podem ajudar a acalmar o animal.

Caso ele fique muito desesperado e tenha convulsões ou tente fugir, uma alternativa é usar medicamentos calmantes. Converse com um veterinário a respeito.

Se um acidente acontecer, leve o animal ao veterinário o mais rápido possível. Em casos de trauma, muitas vezes as lesões são internas e podem passar despercebidas.

Prevenção do medo

Filhotes reagem melhor à exposição a novos estímulos, inclusive barulhos. Então, se forem estimulados a brincar ou se recebem algum petisco em dias de fogos, a situação não fica tão ameaçadora e eles crescem menos medrosos.

A ideia é tentar associar o barulho dos fogos a coisas positivas. Para isso, você pode fazer um treino frequente com vídeos e áudios com o som de fogos de artifício, que se encontra facilmente na internet.

Comece colocando o som baixinho e vá brincando e dando petiscos ao seu cão. Aumente o som gradualmente, tomando cuidado para que ele não se assuste e mantenha as brincadeiras. Repita periodicamente, colocando o som cada vez mais alto.

Com o tempo, o animal deve começar a perder o medo. Se não funcionar, procure um veterinário especialista em comportamento animal, que ajudará nesses casos mais complicados.

*Fontes: André Marchina Gonçalves, veterinário; Daniela Ramos, veterinária especializada em comportamento animal. (Com Agência Brasil)

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