Com o passar dos anos, é normal que os cães mudem de comportamento: eles dormem mais, ouvem menos e podem até esquecer comandos simples. Mas essas mudanças nem sempre são apenas parte do envelhecimento natural. Muitas vezes, podem indicar um distúrbio neurológico progressivo e pouco discutido: a demência canina.
O que é a demência canina?
Assim como o Alzheimer nos humanos, essa condição afeta a cognição dos cães mais velhos e altera profundamente a maneira como eles interagem com o ambiente. Estima-se que até 68% dos cães com mais de 15 anos apresentem sintomas da Síndrome da Disfunção Cognitiva (SDC), como é conhecida entre os veterinários.
Para detectar e tratar a tempo, é essencial conhecer os sinais, por mais discretos que sejam. Embora a demência não tenha cura, existem maneiras de desacelerar sua progressão e proporcionar bem-estar ao animal. Desde mudanças na rotina e estímulos mentais até o uso de medicamentos e suplementos, os tutores podem fazer a diferença com algumas adaptações diárias.
O que causa demência em cães?
A SDC é resultado do envelhecimento do cérebro. Com o tempo, os neurônios perdem eficiência na transmissão de informações, principalmente em regiões ligadas à memória, como o hipocampo. Um dos principais fatores são os danos oxidativos, agravados pela má circulação e pela presença de proteínas tóxicas como Tau e amiloide, que aceleram a morte celular.
É importante lembrar que outras condições clínicas, como artrite ou perda de visão, podem simular alguns desses sintomas. Por isso, o diagnóstico é feito por exclusão, após exames que descartem causas físicas mais comuns.
Primeiros sinais: o que observar
Os sintomas geralmente surgem a partir dos 9 anos, mas aumentam significativamente após os 11. Uma maneira prática de identificá-los é por meio da sigla DISHA, que reúne os principais comportamentos alterados:
- Desorientação: o cão se perde em casa, caminha sem rumo ou fica preso em cantos.
- Interações sociais alteradas: pode se mostrar mais carente ou indiferente aos tutores.
- Sono desregulado: troca o dia pela noite e parece inquieto ao entardecer.
- Higiene comprometida: começa a fazer xixi ou cocô em locais inadequados.
- Atividade reduzida ou agitada demais: tanto a apatia, quanto a hiperatividade, são indicativos.
Nos estágios mais avançados, dois sinais adicionais são incluídos (ampliando a sigla para DISHAAL):
- Ansiedade crescente: medo sem motivo aparente, vocalizações excessivas e apego exagerado.
- Esquecimento: dificuldade de obedecer a comandos já conhecidos ou aprender novas tarefas.
Um sintoma bastante comum em cães com disfunção cognitiva é a chamada “síndrome do pôr do sol”. Nessa fase do dia, o animal se mostra especialmente agitado, confuso ou vocaliza sem motivo aparente.
Para reduzir esses episódios, o ideal é garantir estímulos físicos e mentais ao longo do dia, evitando que o cão passe horas ociosas. A estimulação cognitiva é outro pilar essencial. Mesmo que o animal não aprenda como antes, atividades simples como brincadeiras interativas, jogos de olfato e comandos leves são fundamentais para manter o cérebro ativo.
Fonte: https://www.uol.com.br/nossa/noticias/redacao/2025/06/10/demencia-em-caes-idosos-sinais-sutis-que-merecem-atencao.htm