Ser jornalista gastronômico é como ter uma dupla personalidade. Um lado tenta ser técnico e imparcial, enquanto o outro não consegue esconder suas preferências pessoais. É uma batalha constante entre razão e emoção.
Dividindo Personalidades
Para facilitar, divido esses dois modos de comer entre “pessoa jurídica” e “pessoa física”. A primeira escreve com sobriedade e busca por moderação. A segunda deixa escapar gostos e limitações bem pessoais.
Na edição de hoje, escolhi restaurantes de São Paulo que a “pessoa jurídica” considera ótimos, mas que a “pessoa física” deseja guardar só para si. Por isso, vive repetindo: “não indica, não”.
Brasserie Victória
Esse restaurante árabe é um verdadeiro tesouro. Desde 1947, está nas mãos da mesma família. As esfihas crocantes e com camadas visíveis de massa folhada são inesquecíveis. A de mussarela custa R$ 19,40. O charutinho de arroz com carne moída enrolado em folha de uva é outra pedida obrigatória (R$ 205 o quilo). Vai lá: Av. Presidente Juscelino Kubitschek, 545, Itaim Bibi.
Kuromoon
Esse boteco meio coreano, meio japonês é um lugar que você não vai querer sair. A casa vive cheia, então conquistar um lugar é difícil. Os espetinhos grelhados de barriga de porco são as primeiras escolhas. Tem o recheado com kimchi e o com queijo, shissô e ameixa japonesa (R$ 19,90 cada), além da versão empanada (R$ 25,50). Vai lá: Rua Teixeira da Silva, 596, Paraíso.
Tanuki
Se for sozinho ou em dupla, fique no balcão. Em grupo, tente uma das mesas no chão, chamadas de chabudai. O cardápio foca em opções japonesas tradicionais. O combinado misto, de 26 peças, sai a R$ 220. No almoço executivo, pagam-se R$ 84 por catorze sushis. Vai lá: Rua Jericó, 287, Vila Madalena.
Jota
Essa hamburgueria é um filhote do Z Deli e do Ráscal. Se gosta de comer bem sem pagar muito, precisa provar. A minha favorita vem com queijo, picles, salada e molho especial. O sanduíche sai por R$ 25,90 ou R$ 40,90 no combo com batata e refrigerante. Vai lá: Avenida Paulista, 1483, Jardim Paulista.
Bares
Prazeres da taça com apuro técnico e abuso de sabor
Tan Tan e The Door Hideout estão de carta nova, e há bons motivos para visitá-los. Mais do que bares, são dois laboratórios do prazer etílico em São Paulo. Investem em pesquisas técnicas e de ingredientes, surpreendem com sabores inesperados e receitas que arrancam exclamações.
Tan Tan
No Tan Tan, o chef Thiago Bañares e o mixologista Caio Carvalhaes investigam incansavelmente a interação de bases alcoólicas e insumos em combinações pouco óbvias. Fugir do lugar-comum também é a missão na hora de preparar receitas sem álcool. Tais ousadias levaram o Tan Tan ao 31º lugar na lista global 50 Best Bars do ano passado.
A nova carta é inspirada em três fases da história da coquetelaria dos Estados Unidos: antes, durante e depois da Lei Seca (1920-1933). Elegance (R$ 70) me tomou de paixão, com sua mistura de cachaça branca, fermentado de goiaba, vermute tinto, licor de ervas e shissô. Hello Suckers (R$ 45) é mix de tequila, vodca, pimenta de cheiro, tomate, vermute seco e chá lapsang sounchong. Para quem não quer álcool, indico hipocrisy (R$ 35), delicadeza ácida com cupuaçu, vinagre de arroz e especiarias. Vai lá: R. Fradique Coutinho, 153, Pinheiros.
The Door Hideout
The Door é um laboratório literal, liderado por Sylas Rocha, com equipamento de ponta para extrair aromas e sabor de alimentos e levá-los aos drinques. Dá para visitar os dois numa noite animada. The Door está nos altos vilamadalênicos da Fradique Coutinho. Depois de um par de drinques, é só descer a ladeira para a saideira pinheirense no Tan Tan.
Quem é fã de frescores extremos não pode perder o porta verde (R$ 60), com vodca, saquê, água e picles de pepino, limão siciliano e chá verde. Dirty crab martini (R$ 60) é bem salgado e potente, com vodca infusionada com alga kombu e caranguejo, água de melão e bitter umami. Outro drinque seco e pancada é o dry boulevardier (R$ 65), feito com vermute seco e o álcool extraído no preparo do boulevardier zero (R$ 45). Vai lá: R. Fradique Coutinho, 1111, Vila Madalena.
Belisquetes
O nosso mel
Tem pautas que mudam a gente. Logo no início da profissão, voltei da Fazenda Itaicá, em Atibaia, com um novo assunto. Cada amigo que encontrava era obrigado a me ouvir contar sobre as mais de 300 espécies de abelhas nativas brasileiras.
Explicava que elas são múltiplas não só em tipos, mas também na arquitetura das colmeias e nas características do mel produzido, sempre em pequena escala.
Mais ou menos doces, mais ou menos ácidos, os meles que provei pela primeira vez naquela tarde no interior de São Paulo foram um ingresso vitalício do parque de diversão perfeito para quem gosta de comer, cozinhar ou, simplesmente, é sensível às maravilhas da natureza.
Essa diversidade é a principal diferença em relação às abelhas de listras pretas e amarelas, que dão origem ao mel mais conhecido, denso e concentrado em açúcar. Por conta do ferrão, o manejo exige cuidado.
Como 20 de maio é considerado o Dia Mundial da Abelha, aproveito a data para te convidar a provar um pouquinho do que estou falando.
Mbee
Márcia e Eugênio Basile usam a gastronomia como ferramenta de polinização: divulgam a riqueza sensorial dos meles e a importância das abelhas para a biodiversidade. Vendem o mel produzido por eles na Fazenda Itaicá e por outros apicultores do Brasil a cozinheiros e ao público final. O de jataí custa R$ 75 (140 gramas) e o de Apis mellifera, R$ 35,11 (280 gramas). O mais recente é o negroni engarrafado com mel de abelha nativa (R$ 193).
Mestiço Chocolates
Numa pequena fábrica na zona sul de São Paulo, o casal Rogério Kamei e Claudia Gamba transformam o cacau da Bahia em deliciosas barras de chocolate. A fórmula criada para a Páscoa, que une pedaços crocantes de mel, castanha de baru e extrato própolis, deu tão certo que se transformou em sabor fixo (R$ 33). Quem visita a loja pode fazer uma degustação gratuita dessa e de outras criações da dupla antes de escolher qual levar para casa. Vai lá: Rua Baluarte, 528, Vila Olímpia.
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Fonte: https://www.uol.com.br/nossa/noticias/redacao/2025/06/07/lugares-que-eu-nao-deveria-indicar-em-sp.htm