Foi no Japão, um país de contrastes entre recolhimento e excesso, passado e futuro, que a psicanalista Maria Homem encontrou inspiração para refletir sobre temas profundos como solidão, amor, erotismo, silêncio, o papel das mulheres na sociedade, pressa e pausa, tecnologia, pertencimento, arte e identidade. Essas reflexões estão na série em vídeo Conexão Brasil – Ásia, no UOL Prime.
Kyoto: Templos, Palácios e Introspecção
Kyoto, antiga capital imperial, é um verdadeiro convite ao recolhimento. No milenar Fushimi Inari Taisha ou no Kinkaku-ji, o famoso Pavilhão Dourado, os templos formam corredores sagrados onde o tempo parece suspenso. Os jardins karesansui, ou jardins de paisagem seca, recriam a essência da natureza com cascalho, pedras e musgo. Varrer o cascalho em padrões lineares é uma prática meditativa; contemplá-lo, um exercício de calma para a mente.
Outro marco é o Castelo de Nijo, símbolo do poder do xogum Ieyasu Tokugawa. Erguido em 1603 e tombado pela Unesco, o palácio impressiona pelos “pisos rouxinol”, tábuas que rangem suavemente a cada passo e funcionavam como alerta contra intrusos.
Tóquio: Tradição e Futuro
Se Kyoto é um convite ao diálogo interior, Tóquio é a imersão no coletivo. A região metropolitana abriga 38 milhões de pessoas que se cruzam diariamente em um cenário onde a tekhné, palavra grega para arte ou ofício, aparece tanto na tecnologia futurista quanto na tradição ancestral. Arranha-céus de vidro se erguem ao lado de templos centenários.
No bairro de Akihabara, também conhecido como a “Cidade Elétrica”, pulsa o coração da cultura otaku. Suas ruas são um espetáculo de luzes e sons, com prédios inteiros funcionando como outdoors. Entre os endereços icônicos estão a Super Potato, paraíso dos videogames retrô, e a Mandarake, referência em itens colecionáveis.
Naoshima: A Grande Beleza
Ao sul, um arquipélago de pequenas ilhas se tornou destino obrigatório para os amantes da arte contemporânea. A mais conhecida delas é Naoshima, onde arquitetura, natureza e arte se fundem em uma experiência única.
A identidade visual da ilha é marcada pela obra do arquiteto Tadao Ando, mestre do concreto aparente e da luz natural. Em vez de impor estruturas à paisagem, Ando cria espaços que dialogam com o entorno, enquadrando e revelando o ambiente.
O Benesse House Museum é um hotel e museu projetado por ele em uma colina à beira-mar, com obras de artistas internacionais em galerias, corredores, quartos e jardins. Já o Museu Lee Ufan, parceria entre Ando e o artista coreano do movimento Mono-ha, aprofunda o encontro entre o minimalismo contemplativo e a força do concreto iluminado.
Osaka: Cozinha e Conexões
Conhecida como a “cozinha do Japão”, Osaka esbanja energia e se entrega a uma devoção quase religiosa aos prazeres da comida e da bebida. Por lá, na ilha artificial de Yumeshima, acontece até 13 de outubro a Osaka Expo 2025, com o tema “Projetando a Sociedade do Futuro para Nossas Vidas”. Pavilhões de dezenas de países exploram relações mediadas por IA, realidades virtuais e experiências sensoriais que perguntam: onde encontraremos o amor hoje? O anel arquitetônico da feira integra áreas expositivas e jardins, criando um Coliseu contemporâneo para conexões humanas e reposicionando a região de Kansai como um polo global de inovação.
Fonte: https://www.uol.com.br/nossa/noticias/redacao/2025/10/01/tokyo-tecnologica-vs-kyoto-ancestral-qual-japao-mais-combina-com-voce.htm
