Você já ouviu falar das festas juninas de Campina Grande, Caruaru, Mossoró e São Luís? Essas cidades são famosas por suas celebrações de São João que vão além do mês de junho. Mas e as festas juninas de Aracati, Amargosa ou Piranhas? Provavelmente, não.
Destinos Menores, Experiências Incríveis
Essas cidades menores começam a atrair turistas pelas experiências únicas que oferecem. Não só no Nordeste, mas também no Centro-Oeste, Sudeste e até no Sul do Brasil.
Tenho acompanhado o fortalecimento do turismo em cidades menores durante o período junino e esses destinos são bons exemplos afirma Debora Peres, sócia da Iviva Viagens.
Aracati, no Ceará, realiza um São João focado nas raízes culturais. A festa valoriza quadrilhas estilizadas, apresentações folclóricas e comidas típicas feitas pelas próprias famílias locais. É uma celebração mais afetiva, onde o envolvimento da comunidade dá o tom, relata Ive Cavalcante, sócia no negócio.
Amargosa, na Bahia, tem uma história mais consolidada e consegue unir estrutura com tradição. É uma das festas mais queridas do interior baiano, com shows, decoração típica e forró que atravessa a madrugada, tudo isso sem perder o clima acolhedor do interior.
Cenário Histórico e Intimista
Piranhas, em Alagoas, se destaca pelo cenário colonial às margens do Rio São Francisco. A atmosfera histórica e intimista torna o São João especial, com cortejos, forró pé de serra e muito foco na cultura popular.
Em São João do Cariri, na Paraíba, a festa é 100% feita pela comunidade. É uma celebração com fogueiras, trios de sanfona, quadrilhas e comidas típicas, mantendo viva a tradição nordestina com simplicidade e autenticidade.
Marco Lisboa, CEO da 3,2,1GO!, cita São João do Sabugi, no Rio Grande do Norte, como exemplo de lugar pequeno que tem atraído turistas. A festa é organizada pela própria comunidade e segue os moldes tradicionais: quadrilhas matutas, sanfoneiros locais e comidas típicas feitas em casa.
Arraial d’Ajuda, na Bahia, realiza festas juninas com toques afro-baianos, como o samba de roda junto ao forró, em meio ao clima litorâneo.
Fora do Nordeste
Bem longe dali, em São Francisco de Paula, na serra gaúcha, ocorre uma mistura do forró com fandango, do quentão e do vinho quente com o pinhão na fogueira. São elementos que dão uma cara gaúcha ao São João.
No Sudeste, Monte Verde, em Minas Gerais, combina o clima de montanha com o estilo junino mineiro, ou seja, muita comida de fogão a lenha, fogueiras gigantes e clima de interior.
No Centro-Oeste, Pirenópolis agrega tradições religiosas, cavalgadas e danças como a catira e a congada, tornando o São João uma celebração histórica e cultural.
Isabelle Brito, coordenadora pedagógica dos cursos de Gastronomia e Nutrição da Universidade Tiradentes, indica Corumbá, no Mato Grosso do Sul, onde ocorre o “Banho de São João”. Em procissão, os fiéis levam a imagem até o Rio Paraguai para banhar o santo nas águas do rio.
Tradições e Raízes
Nos últimos anos, o interesse por festas ligadas às raízes culturais tem crescido. Muita gente procura experiências que tenham a ver com a própria história familiar, comenta Debora.
Para Ive, é um tipo de viagem com valor emocional muito forte. Muitas dessas festas são divulgadas apenas em rádios locais, redes sociais da comunidade ou pelo famoso boca a boca.
O público das regiões Sul e Sudeste ainda procura mais por festas estruturadas e com divulgação nacional, como Caruaru e Campina Grande. Mas há um movimento claro de busca por algo mais autêntico, mais conectado com a cultura raiz do Brasil.
Estrutura Limitada
Diferentemente das capitais e cidades maiores, os municípios pequenos não contam com hotéis e pousadas em grande quantidade. A estrutura costuma ser mais enxuta e voltada para o público regional.
Amargosa já recebe um público maior há muitos anos e tem um planejamento mais robusto. Aracati faz festas com forte participação da população local e foca principalmente no turista regional.
Corumbá é outra cidade com estrutura condizente ao volume de pessoas que recebe, com apoio do governo local para incentivar o desenvolvimento.
Para Isabelle, o maior desafio dos eventos realizados em cidades menores ainda é a divulgação, que tem o poder de atrair mais turistas e potencializar a economia local.
Fonte: https://www.uol.com.br/nossa/noticias/redacao/2025/06/30/turismo-rural-festas-juninas-movimentam-pequenas-cidades-do-pais.htm