Festival Ver-O-Peso da Cozinha Paraense Retorna em 2025 com Homenagem a Paulo Martins

Na colcha de retalhos que é a cozinha brasileira, a gastronomia paraense é uma das mais celebradas. Pergunte a chefs consagrados como isso aconteceu e ouvirá o nome de Paulo Martins e de seu Festival Ver-O-Peso da Cozinha Paraense, em Belém.

O Retorno do Festival

Criado em 2000, o maior e mais antigo evento gastronômico do Norte do Brasil, que já teve 14 edições, não resistiu à pandemia e foi interrompido em 2020. Porém, em 2025, ele volta com força total, com Joanna, filha de Paulo, no comando e a lembrança do mestre paraense, morto em 2010.

Elas Rumo ao Pará

Apaixonado por sua terra, Paulo apresentou ingredientes da região ao mundo, criou conexões por todo o Brasil e levou os chefs amigos para o Pará, para viverem a experiência in loco.

“Não fosse ele a começar esse trabalho de ir e vir, de colocar esses ingredientes na mala, levar para os festivais dos anos 80/90, nós não teríamos conhecimento da nossa própria história”, diz Janaína Torres, do Dona Onça (SP).

Eleita melhor chef do mundo pelo 50 Best Restaurants em 2024 e participante do festival, ela celebra a divulgação de saberes e a pitada de curiosidade “para aqueles que ainda não conhecem nossa cozinha milenar”.

Inspiração para Novas Gerações

Outro nome confirmado no Ver-O-Peso, a confeiteira Carole Crema vê o festival como uma inspiração para novas gerações de chefs, produtores e entusiastas da culinária. “Que possa ser um ponto de encontro para pessoas que compartilham a paixão pela comida e pela cultura amazônica”, diz.

Embaixadora da culinária japonesa no Brasil, Telma Shimizu, do Aizomê (SP), traz para a conversa outros aspectos do festival e dos debates em gastronomia: sustentabilidade, consciência, conhecimento, respeito e preservação.

“A transmissão do legado iniciado por Paulo Martins é fonte de inspiração e reforça nossa crença de que comida é identidade, história e futuro”, enfatiza.

Na visita ao Pará, Telma ainda visitará Tomé-Açu, polo histórico da imigração japonesa em plena selva amazônica, hoje referência em cultivo agroflorestal.

Ao Mestre, com Carinho

Conhecido por sua paixão pelos ingredientes brasileiros trabalhados sob a mais fina técnica francesa, Claude Troisgros agradece ao “amigo Paulo” por mostrar a força da gastronomia regional paraense.

“Graças a ele e ao festival, o açaí, cupuaçu, jambu, tucupi, farinhas, peixes como o surubim e filhote, começaram a fazer parte da culinária criativa brasileira”, declara.

Seu filho, o também chef Thomás, recém-estrelado Michelin com seu Oseille (RJ), lembra “muito bem” de seu pai falando da importância do Paulo nos anos 80-90, como ele apresentou coisas que não se conhecia da Amazônia.

“Chefs do mundo afora iam para Belém para se encontrar com o Paulo. O papel dele foi difundir os ingredientes para todos nós aqui e ainda ajudou a fundar a nova cozinha moderna brasileira junto com meu pai, Laurent Suaudeau e Alex Atala”, afirma.

Também participante das primeiras edições do festival, Atala, claro, confirma essa declaração.

“Paulo, antes de mais nada, foi um grande generoso, um grande amigo, um grande divulgador e eu tive a felicidade de ser talvez um aprendiz dele no que é cozinha paraense”, conta.

“Entender melhor a diferença do Amazonas e Amazônia, mergulhar profundamente não só em sabores e receitas, mas em cultura e em processos culturais. O Paulo nunca quis ver o Pirarucu como bacalhau da Amazônia, nunca deixou o tucupi preto ser um shoyu genérico, o orgulho da cultura contaminou não só a mim, mas muita gente”, finaliza.

O Festival

Em 2025, o festival acontece nos dois primeiros finais de semana de setembro.

A programação inclui degustações, aulas, jantares e uma série de atividades que envolvem também a população local e mobilizam o turismo para a cidade.

Um dos destaques é o Jantar das Boieiras, quando elas fazem os pratos principais e os chefs convidados criam complementos.

Ao longo de quase 20 anos, o evento impactou mais de 150 mil pessoas – e a expectativa é que a nova edição, que acontece no momento em que a capital paraense recebe a COP 30, atinja sozinha mais 150 mil.

Serviço
Festival Ver-O-Peso da Cozinha Paraense

Grande Festival: 5 a 7 de setembro; e 12 a 14 de setembro
Local: Shopping Bosque Grão-Pará – Av. Centenário, 1052 – Val-de-Cans – Belém/PA
Ingressos: Ticketmaster

Fonte: https://www.uol.com.br/nossa/noticias/redacao/2025/08/09/pirarucu-nao-e-bacalhau-da-amazonia-paulo-martins-e-o-festival-ver-o-peso.htm

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