Bairro da Glória: História, Cultura e Modernidade no Coração do Rio

Gente, olha só que vibe! O bairro da Glória no Rio de Janeiro é um verdadeiro tesouro histórico e cultural. Desde a aldeia tupinambá que deu origem ao termo ‘carioca’ até o icônico romance ‘Dom Casmurro’ de Machado de Assis, cada esquina desse bairro respira a alma carioca. 🌴✨

Primeiro reduto da zona sul, a Glória já foi palco da nobreza imperial e hoje é famosa pela maior feira da cidade. Aos domingos, o aroma das frutas frescas se mistura ao som de pandeiros e tamborins, transformando o fim de tarde em uma autêntica roda de samba. É muita cultura e história pulsando!

Recentemente, a Glória foi reconhecida internacionalmente, alcançando a nona posição no prestigiado ranking dos bairros mais legais do mundo, elaborado pelo guia britânico Time Out. O bairro Notre-Dame-du-Mont, em Marselha, França, ficou no topo da lista.

Foi uma expedição francesa que chegou ao local no século 16 e encontrou ali uma aldeia tupinambá na base de onde é hoje o Outeiro da Glória, chamada Kariók (‘casa de carijó’), que deu origem ao termo ‘carioca’.

O nome do primeiro bairro da zona sul do Rio veio da igreja de Nossa Senhora da Glória do Outeiro, uma capela construída no século 18. Quem quiser visitar a igreja onde Dom Pedro 2° foi batizado pode fazer isso a pé, através do plano inclinado ou pelo parque Lúcio Costa.

Paris tropical

Inspirada na arquitetura francesa, a Praça Paris, inaugurada em 1929, é um dos cartões-postais do bairro, com lago, chafariz, jardins geométricos e árvores que lembram o jardim do Palácio de Versailles. Tem até estátuas de felinos criadas pelo renomado artista francês François Auguste Hippolyte Peyrol. Um luxo só!

Ali também fica o famoso chafariz ‘A dança das águas’, de Remo Bernucci, premiado no Salão de Belas Artes de 1965. O local é perfeito para piqueniques, festas e até aulas gratuitas de ioga e capoeira. E tudo isso com vista para o primeiro relógio elétrico do Brasil, instalado em 1905.

Junto com o Museu de Arte Moderna e o Monumento aos Mortos da Segunda Guerra Mundial, a Praça Paris se tornou em 2012 Patrimônio Cultural da Humanidade.

Parque do Flamengo e Burle Marx

O Parque do Flamengo, projetado por Burle Marx, é um verdadeiro oásis verde que vai da Glória até Botafogo. Com 11.600 árvores de 190 espécies diferentes, é um Patrimônio Mundial da Humanidade na categoria ‘Paisagem Cultural Urbana’.

Burle Marx também foi responsável pelos jardins no terraço do prédio da antiga Manchete, projetado por Oscar Niemeyer, que teve escritório no bairro. E ali do lado, o Hotel Glória, o primeiro hotel 5 estrelas do Brasil, está sendo transformado em residencial, com apartamentos a partir de R$ 1,2 milhão.

A museóloga e historiadora Mariana Varzea, que trocou o bucólico Cosme Velho pela Glória em 2016, lançou o site Ó Glória para resgatar a história do bairro. Para ela, a Glória tem potencial para ser um centro patrimonial tão importante quanto o bairro Gótico de Barcelona ou a Praça Mayor, em Madri.

Meu escritório é na praia?

Um dos destaques do guia, a Praia do Flamengo voltou a ser frequentada após tornar-se própria para banho. O percurso do Rio Carioca foi desviado para um Interceptor Oceânico, evitando que esgoto chegue à praia. Com isso, o famoso Caribrejo não deixa ninguém com vontade de ir conhecer os mares caribenhos. Uma altinha com cerveja e churrasquinho em frente ao mar calmo e sem cheiro já bastam para o carioca se sentir em casa.

Desde setembro deste ano, visitantes podem verificar a qualidade da água da região ao lado da Marina da Glória. O INEA passou a incluir aquele ponto em seu relatório de balneabilidade para quem frequenta a Praia da Esplanada Verde e a Prainha da Glória, já liberadas para banho também.

Fruta com sabor de samba

A Glória amanhece todo domingo com cheiro de frutas, verduras e pastel. A maior feira livre do Rio é mais que um local de compras: é um evento gastronômico, musical e cultural. Em 2022, a Praça Edson Cortes foi reinaugurada e agora é palco de aulas de dança gratuitas e rodas de samba, como a do Paulão Sete Cordas, que toca aos terceiros domingos do mês.

O premiado arranjador e instrumentista ainda tem um Espaço Cultural que leva seu nome, com roda de samba gratuita toda terça-feira.

Um olhar para o etnoturismo

Se feira e samba não forem o forte do visitante, ele pode começar a sexta-feira na feijoada da Tia Cida, no Quilombo Ferreira Diniz. Érida Ferreira, presidente da Associação da Comunidade do Quilombo, destaca que foram as rodas de samba, a capoeira e a feira de rua que impulsionaram o olhar para o bairro.

‘Foi um movimento de dentro para fora. Não foi a revitalização que tornou o bairro um dos mais legais. Foi o fato de ser um dos bairros mais legais que obrigou a Prefeitura a olhar para o bairro e revitalizar o local’, aponta Érida.

Ela também vê no turismo uma oportunidade de dar visibilidade à luta quilombola e ampliar as redes de proteção: ‘Nossa comunidade não está desconectada do movimento quilombola como um todo.’

Para quem quer ficar só no comes e bebes

Só quer sentar para comer? Tem o tradicional Braseirinho da Glória, na Cândido Mendes, com galeto de verdade. O preço é um pouco inflacionado, mas vale a pena. O tradicional Ximeninho chegou na Glória há um tempinho na Joaquim Silva com suas conhecidas promoções de água que passarinho não bebe, e supergelada.

Aliás, toda aquela área tem botecos variados. Vale conferir o Bar do Adalto e o clássico Bar do Zé, com sua infinidade de garrafas de cachaça nas prateleiras, bem ao estilo dos botecos antigos, localizado na Barão de Guaratiba.

Queridinho da região, o local é frequentado por intelectuais e já foi cenário de gravação de filmes, novelas e curtas. José Anselmo Filho, 75, chegou da Paraíba ao Rio na década de 1960 e morou na mesma rua do bar. Casou-se com a amiga de infância, Ivonete Anselmo, 73, mais conhecida como dona Nete. Juntos, abriram ali um armazém ainda na década de 1980, que se transformou no Bar do Zé dez anos depois.

Dona Nete celebra as amizades que fez ao longo dos anos com os clientes, tornando-se até madrinha de casais que se conheceram no estabelecimento.

‘É um privilégio morar e trabalhar aqui, numa rua tão charmosa, de paralelepípedos. Dá para subir a ladeira e, a pé, pegar o caminho para o Outeiro da Glória. Desde a minha infância, quando eu morava na Paraíba, ouvia minha tia falando sobre o Outeiro e ficava imaginando conhecê-lo. É uma igreja muito linda, e a vista é maravilhosa para o bairro e o Aterro. Sempre levo minha família e meus amigos’, resume a sócia-administradora do bar.

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