Você sabia que existe um mausoléu de Cleópatra que já foi encontrado? Não é da famosa Cleópatra, mas sim de sua filha, Cleópatra Selene 2ª. Ela foi rainha da antiga Mauritânia há mais de 2.000 anos.
Um Mausoléu Imponente
O Mausoléu Real da Mauritânia é uma construção de pedra grandiosa, com 30 metros de altura. Embora tenha perdido cerca de dez metros ao longo dos séculos, ainda é uma estrutura impressionante e é um patrimônio da Unesco.
Cleópatra Selene 2ª era filha de Cleópatra e Marco Antônio. Ela se tornou rainha da Mauritânia ao lado de seu marido, Juba 2º. Juntos, eles governaram e investiram em grandes projetos arquitetônicos.
História e Influências
Na Antiguidade, a Mauritânia correspondia à costa da atual Argélia e ao norte do Marrocos. Tipasa, uma cidade importante da região, foi um porto estratégico para Cartago e, posteriormente, para Roma.
Tipasa passou a integrar a província da Mauritânia Cesariense e ganhou edifícios romanos e cristãos. A cidade foi invadida pelos vândalos e reconquistada pelos bizantinos, entrando em declínio no século 6º.
Esses mil anos de história deixaram influências fenícias, romanas, paleocristãs e bizantinas, e por isso a Unesco incluiu Tipasa em sua lista de patrimônios culturais.
Construção e Reinado
O Mausoléu Real foi construído por volta de 3 a.C., durante o reinado de Juba 2º e Cleópatra Selene. Juba 2º era um príncipe da Numídia, levado para Roma por Júlio César, onde se tornou um dos mais instruídos cidadãos romanos.
Cleópatra Selene foi criada em Roma e se casou com Juba 2º, comandando a Mauritânia ao lado dele. Ela investiu em grandes projetos arquitetônicos e ficou no trono por cerca de 20 anos.
Abandono e Ameaças
Nos últimos 1.500 anos, Tipasa foi se reduzindo a ruínas, enquanto o mausoléu resistia a diversas ameaças. Em 1555, o paxá de Argel ordenou a demolição do mausoléu, mas os soldados foram atacados por vespas assassinas e desistiram.
No século 19, a Argélia fazia parte do Império Francês, que usou o mausoléu como exercício de tiro ao alvo. Em tempos mais recentes, urbanização, esgoto a céu aberto e vandalismo aumentaram a pressão sobre as ruínas de Tipasa.
Um plano de restauro e preservação conseguiu livrar o sítio arqueológico, mas as ameaças continuaram.
Plano de Construção
Em 2015, o presidente da Argélia anunciou a construção de um porto de águas profundas em El Hamdania, na província de Tipasa. Bancado com investimentos chineses, ele seria um dos maiores portos do Mediterrâneo.
O custo estimado da obra disparou, e a Unesco apontou a ameaça que ela representava para as ruínas de Tipasa, inclusive o Mausoléu de Cleópatra.
Em junho deste ano, o governo argelino cancelou a construção, preferindo modernizar portos já existentes no país.
Salvar o patrimônio histórico do país não entrou na argumentação, mas o mausoléu foi poupado.
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Fonte: https://www.uol.com.br/nossa/colunas/terra-a-vista/2025/08/18/megaporto-ameaca-mausoleu-de-cleopatra—mas-nao-daquela-que-voce-pensou.htm
