Imagina só: monges budistas cruzando descalços as ruas da histórica capital Luang Prabang, no Laos, pela manhã, recebendo oferendas. Esse ritual espiritual, chamado Tak Bat, tem mais de 600 anos. Mas, infelizmente, os moradores estão reclamando que a paz desse momento foi destruída.
Turismo Predatório
Em entrevista à AFP, locais disseram que agora a passagem dos monges parece mais um ensaio fotográfico, com turistas apontando celulares para os religiosos e até fazendo oferendas inapropriadas. A boa notícia é que os ex-monges e noviços estão virando o jogo contra esse turismo predatório.
Ex-Monges como Guias
Nos últimos anos, muitos que deixaram os mosteiros se tornaram guias de viagens ou abriram suas próprias empresas turísticas. Eles focam em um turismo mais sustentável e respeitoso da tradição religiosa e cultural do Laos.
Meninos entram para os mosteiros para receber educação gratuita e a chance de elevar o karma da mãe. Mas nem todos seguem a vida religiosa na idade adulta, e o mercado turístico em expansão se torna uma opção viável.
Curiosidade dos Turistas
Os guias ex-monges são uma curiosidade para turistas, o que os torna uma ferramenta estratégica contra o turismo predatório. Em 2019, o ex-noviço Sounanh Oulaxay contou ao site Atlas Obscura que turistas sempre perguntam sobre sua rotina no mosteiro, onde esteve por sete anos.
Quando um turista perguntou por que ele deixou a vida religiosa, ele riu e gesticulou como digitando em um teclado, revelando que queria estudar ciência da computação.
Educação e Influência
O ex-monge Anat Khamphew, que vivia no mosteiro de Wat Xieng, contou à BBC que é difícil ver turistas se comportando desrespeitosamente. Estátuas de Buda foram roubadas e símbolos de devoção são usados como pano de fundo de selfies no Instagram.
Por isso, Anat escolheu educar os turistas e abraçou uma carreira de influenciador digital. Em seu canal no YouTube, ele prepara os futuros visitantes para terem um impacto positivo em Luang Prabang.
Empresas Turísticas Sustentáveis
Empresas turísticas fundadas por ex-monges oferecem uma experiência culturalmente rica e menos destrutiva. A Orange Robe Tours, por exemplo, recruta ex-religiosos e garante que os passeios guiados sejam culturalmente apropriados.
Em seu site, a empresa explica que dá a antigos noviços e monges a oportunidade de ganhar um salário justo enquanto passam adiante seu conhecimento.
Respeito às Tradições
A ex-freira Parn Thongparn evita levar turistas à cerimônia do Tak Bat, conduzindo-os a outras paradas culturais. Ela acredita que, se os visitantes gastassem um pouco de tempo para entender a cultura, ajudaria a proteger as tradições.
Dicas para Visitar Luang Prabang
Informe-se de antemão: Pesquise sobre as atividades cotidianas dos budistas antes de viajar.
Tome cuidado com o vestuário: Respeite o código de vestimenta dos templos.
Respeite a fé: Tenha cuidado na escolha do que fotografar e como participar dos rituais.
Contrate serviços que contribuam para as tradições locais: Empresas como Spirit of Laos organizam sessões de orações e meditações com monges.
Khamphew recomenda visitar a loja de artesanatos LaLaLaos e o restaurante Kaiphaen, que ajudam jovens de vilarejos locais.
Esses negócios oferecem uma experiência autêntica e ética, além de uma oportunidade de retribuir. É como viajar deveria ser: cuidadosa e benéfica para todos.
Fonte: https://www.uol.com.br/nossa/noticias/redacao/2025/07/27/monges-sao-a-grande-forca-do-laos-no-combate-ao-turismo-predatorio-entenda.htm