Se São Paulo guarda um pedacinho do mundo, é porque também se inspira nele. Na gastronomia, isso passa não só por ingredientes e técnicas, mas também por modos de servir e até pelo comportamento à mesa.
Sushi de Pé
Foi no Japão que Bruno Erlinger encontrou o formato ideal para entregar, no novo Standing Sushi Bar, a qualidade dos restaurantes tradicionais, mas sem tantas formalidades. “Identificamos uma janela de oportunidade e o tachigui (comer em pé) é uma ótima ferramenta para criar essa atmosfera mais convidativa”, diz Bruno.
A proposta está sendo bem aceita pelos paulistanos. Outras tendências, no entanto, ainda enfrentam certa resistência, como a organização do serviço por turnos, com hora marcada para chegar e sair.
Uma nova leva de restaurantes em Tóquio recupera o sushi como uma comida de rua do período Edo (1603-1868) e mira na alta rotatividade de público por meio de uma proposta inusitada: comer em pé. Primeiro estabelecimento do tipo no Brasil, o Standing Sushi Bar, inaugurado em março, oferece peças individuais, como atum nacional (R$ 18) e bluefin (R$ 45) sobre o arroz levemente ácido. Cada sushi ou hand roll (R$ 36 o de siri picante) é preparado na frente do cliente, que pode papear com o sushiman. Vai lá: Rua Ferreira de Araújo, 690, Pinheiros.
Baladas Matutinas
Topa trocar um drinque por uma xícara de café? É isso que propõem as “coffee parties”, festas que trocam a noite pela manhã. Tendência em cidades como Londres e Berlim, a moda que faz sucesso entre a geração Z é replicada por aqui pelo Choribar, uma vez por mês, e esporadicamente pela Casa Hario. O agito vai no máximo até as 15h, com música animada, cafés especiais e comidinhas. As datas são compartilhadas no Instagram dos estabelecimentos. Vai lá: Rua Mateus Grou, 15, Pinheiros; Rua Manuel Guedes, 426, Itaim Bibi.
Hora para Acabar
Sentar à mesa pronto para fazer uma refeição eterna é um hábito brasileiro que pode estar com os dias contados. Em visita a Buenos Aires, o chef do Baixo Gastronômico, Ivan Santinho, encontrou a solução que precisava para garantir o giro da operação do restaurante que só funciona aos sábados e uma sexta-feira por mês: funcionar por turnos. Quem vai em busca do ótimo buffet de feijoada (R$ 129 por pessoa) precisa escolher o horário de chegar e sair: 12h às 14h ou 14h30 às 16h30. Vai lá: Rua Ourânia, 201, Vila Madalena.
Bebidas High Tech
Algumas novidades que você come ou bebe nascem de novas tecnologias. Para garantir bebidas cremosas, a chef Isabela Honda, da Joya Boulangerie, importou a máquina norte-americana Nitron, que injeta nitrogênio em receitas como o mate com tangerina (R$ 19). Outro equipamento exclusivo é a cafeteira italiana Gaggia Milano La Reale, avaliada em R$ 180 mil. “Com precisão milimétrica, conseguimos extrair nuances sensoriais do café como se fosse alta confeitaria.” Vai lá: Rua Fradique Coutinho, 1406, Vila Madalena.
Bares
Viagem Etílica ao Passado da Humanidade e ao Presente do Brasil
Caledonia e Animus, dois lugares de coquetelaria do balacobaco, estão de carta nova – um do ladinho do outro, olha que beleza. São propostas cheias de história e de harmonia com comidas.
A coleção de 12 coquetéis do bar Caledonia Whisky & Co., com assinatura dos bambas Alison Oliveira e Mauricio Porto, é inspirada em mitologias da antiguidade: Egito, Japão, Grécia e Roma. Para cada uma das seções, o chef Rodrigo de Rizzo criou entradas, prato e sobremesa.
Você pode conhecer os drinques em capítulos, como quem “bebe” um livro, seguindo as harmonizações sugeridas e sacando os elementos-chave de cada grupo: cevada, arroz, leite e uva. Ou embaralhar as histórias – afinal, o cardápio vem em forma de baralho mesmo.
As novidades do restaurante Animus, criadas por Pedro Piton, requerem menos fígado e storytelling. São cinco coquetéis divididos em norte, nordeste, centro-oeste, sudeste e sul, cada um destacando ingredientes das regiões.
No Animus, também é possível parear cada trago com entradas, pratos ou doces vindos da saborosíssima cozinha da chef Giovanna Grossi, dona da casa. Ou fazer à sua moda, porque ninguém aqui quer regra – só beber e comer bem.
Caledonia Whisky & Co.
Para começar em modo luxo, o egípcio zythum (R$ 145) vem com Johnnie Walker Blue Label, Campari com fatwash de coco e cevada, jerez fino e late harvest de Sauvignon Blanc. Vitis (R$ 58), dedicado a Baco, é dos mais intrigantes, com equilíbrio notável de Dewar’s 15, jerezes PX (doção) e oloroso (seco e amendoado), bitter de laranja e sal de vinho. Uma sinfonia. Entre os drinques leitosos, destaco katharsys (R$ 60), com bourbon em fatwash de manteiga de garrafa, licores de café e uísque, sal, bitter de cacau e espuma de café com queijo. Vai lá: R. Vupabussu, 309, Pinheiros.
Animus
Para começar em modo elegante, delicado e com muito frescor, indico nordeste (R$ 55), trago longo com cachaça de bálsamo e jaqueira, cajuína, Lillet, licor de flor de sabugueiro e mel de jataí. Centro-oeste (R$ 46) é baseado no estilo tiki com rum envelhecido, baunilha do cerrado, orgeat de baru tostada e limão. É denso, especiado e de dulçor moderado. Norte (R$ 48) é mais pancadão, mesclando tiquira (destilado de mandioca) envelhecida em carvalho, priprioca, o esquisitão jerez oloroso, jerez cream, vermute tinto e bitter de cacau. Um veludo na boca. Vai lá: R. Vupaussu, 347, Pinheiros.
Especial
All Beers de Inverno: O Melhor e Maior Open Bar de Cervejas do País
Sou bobo de perder o All Beer Sessions? Nunquinha. Dia 12 de julho estou lá. Para quem ama cerveja, é água na boca e abundância, tipo desfile de escola campeã. A parada – organizada pelo trio Raphael Rodrigues, Sheila Gomes e Fábio Tonetti há 10 anos – é um big de um open bar com participação de mais de 65 cervejarias brasileiras de tudo quanto é região e estrangeiras da hora.
O ingresso vale uma taça All Beers e livre acesso a torneiras, garrafas e latas. Na edição de inverno 2025, algumas das brasileiras confirmadas são Everbrew, Dádiva, Gard, Alpendorf, Juan Caloto, 3 Orelhas, 5 Elementos, Hocus Pocus, Starfish, Fumaçônica, Jybá, Turatti, Overhop, Leopoldina, Tarantino, além de Urquell (República Checa), Delirium (Bélgica), Fuller’s (Inglaterra), La Trappe (Holanda). E a lista não para de crescer até as vésperas do evento.
Também tem comidinhas (pagas à parte) e um belo quintalzão cheio de verde para socializar e trocar figurinha sobre os estilos provados – da witbier levitcha à imperial porter lascada, que agasalha a alma. Vai lá: All Beers Sessions 2025 – Edição de Inverno, dia 12 de julho, das 13h30 às 18h30. Espaço Escandinavo, R. Job Lane, 1030, Jardim Petrópolis.
Belisquetes
De Dubai ao Brasil
A não ser que esteja isolado no meio do mato sem internet, é provável que tenha ouvido falar na “barra Dubai”, pelo algoritmo ou num título de notícia. Trata-se de um chocolate, originalmente produzido pela Fix Dessert Chocolatier, de Dubai, reproduzido em cozinhas e docerias ao redor do mundo após a viralização.
Chamada de “Can’t Get Knafeh of It”, a barra recheada é inspirada numa sobremesa árabe que também ficou em alta. O knafeh consiste em queijo derretido sobre uma massa de semolina (kitaifi) regada com calda de flores ou especiarias e salpicada de pistaches crocantes. Saiba onde comer sem sair de São Paulo.
Flakess
Atento às tendências globais, Leonardo Borges lançou um ovo de Páscoa com o sabor do momento: chocolate, creme de pistache e fios de massa folhada. “Foi o mais vendido do ano”, conta. O sucesso se estendeu à barra, produzida com chocolate meio amargo para ficar mais equilibrado. A cada semana, saem 250 unidades por R$ 99,90 cada uma. Vai lá: Rua Pedroso Alvarenga, 1192, Itaim Bibi (Edifício Iguatemi).
Shuk Esfihas
Entre as tantas comidinhas de rua do Oriente Médio oferecidas nesta esquina da Vila Madalena está o knafeh (R$ 36), assado na chapa giratória trazida da Turquia. Preparado com massa de semolina fina como cabelinho de anjo, o doce chega à mesa quente, com a mussarela de búfala derretida e banhado em calda de especiarias. Por cima, leva farofa de pistache iraniano. Vai lá: Rua Girassol, 625, Vila Madalena.
Fonte: https://www.uol.com.br/nossa/noticias/redacao/2025/07/05/refeicao-em-pe-festa-matutina-e-mais-tendencias-importadas-para-sp.htm