Gente, olha só! Búzios, no litoral do Rio de Janeiro, recebeu o primeiro navio de cruzeiros da temporada brasileira de verão. E estava lotado de passageiros, claro!
No próximo mês, pelo menos mais seis navios de grandes empresas como a MSC e a Costa vão chegar ao Brasil para essa temporada, que vai até abril do ano que vem. Serão dezenas de paradas em portos brasileiros. Já pensou na quantidade de turistas?
As cidades estão super animadas, esperando lucrar bastante com os milhares de turistas que vão desembarcar para passeios na região. Vai ser um boost na economia local!
Aqui, os navios são bem-vindos
No Brasil, que está sempre buscando atrair mais turistas, a chegada desses navios gigantes é uma bênção para a economia local. Comércio, restaurantes e agências de viagens estão contando com o que os passageiros vão gastar nas poucas horas que passam nas cidades. É uma recepção calorosa para quem chega pelo mar.
Mas, em outras partes do mundo, a história é bem diferente: os navios de cruzeiro estão sendo banidos das cidades turísticas.
O problema está no tamanho dos navios
A questão é que esses navios são enormes e despejam milhares de pessoas nas cidades de uma vez só, causando um impacto social e ambiental intenso. Tanto na Europa quanto nos Estados Unidos, a lista de cidades que já vetaram ou estão prestes a banir os cruzeiros só cresce.
Veneza, por exemplo, proibiu a passagem de grandes navios pelo canal que cruza a cidade há três anos. O deslocamento de água estava afetando a estrutura das casas, e a Unesco ameaçou tirar a cidade da lista de Patrimônio Mundial se os navios continuassem despejando turistas no Centro Histórico. Esse movimento anticruzeiros se espalhou pelo mundo.
Além de Veneza, Amsterdã também proibiu a parada dos cruzeiros, alegando que eles vão contra o esforço da prefeitura de limitar o número de visitantes. A cidade recebia mais de 100 navios durante o verão europeu.
“Praga de gafanhotos”
Desde o ano passado, os navios estão proibidos de parar na capital holandesa, e isso foi visto como algo positivo pelo governo. “O problema não é tanto a quantidade de pessoas que esses navios comportam, mas sim o fato de que todas desembarcam ao mesmo tempo, gerando um colapso urbano. São quase como uma praga de gafanhotos”, comparou uma líder da oposição holandesa que apoiou o banimento dos navios.
Em Barcelona, a Câmara Municipal limitou a quantidade de navios que podem parar no porto, e Santorini, na Grécia, fez o mesmo. Dubrovnik, na Croácia, implantou um sistema de “rodízio” dos navios para evitar que muitos parem ao mesmo tempo.
Nos EUA é ainda pior
O problema da superlotação das cidades com visitantes de cruzeiros também afeta algumas cidades americanas. Houston, no Texas, foi a primeira a proibir a parada de navios de cruzeiro em 2016, alegando que já havia gente demais na cidade. Key West, na Flórida, limitou a quantidade de navios, e atualmente apenas um navio por dia pode parar no porto.
Formas originais de proibir
Bar Harbor, no Maine, limitou o número de passageiros que podem desembarcar: não mais que 1.000 por vez. Monterrey, na Califórnia, decidiu não fornecer funcionários para os serviços de desembarque, obrigando as empresas a contratarem seus próprios atendentes, o que as levou a desistir do destino.
50 vezes mais turistas que habitantes
Juneau, no Alasca, com 32.000 habitantes e 1,6 milhão de visitantes de cruzeiros no ano passado, votou pela proibição da parada de navios aos sábados. A proposta foi rejeitada, mas os moradores continuam tentando limitar a quantidade de visitantes para diminuir os impactos ambientais e preservar a qualidade de vida.
Por que as cidades reclamam?
A principal queixa é que os turistas ficam tão pouco tempo nas cidades que não deixam lucro significativo. “Nem comer nos restaurantes daqui os passageiros comem, porque não dá tempo de passear e comer. Ou eles fazem uma coisa ou outra”, reclama um comerciante de Juneau.
A questão é como conciliar a preservação do meio ambiente e o bem-estar dos habitantes com as necessidades econômicas das cidades. No Brasil, esse problema ainda não acontece, mas com o crescimento do mercado de cruzeiros, talvez seja só uma questão de tempo até que os grandes navios comecem a ser menos bem-vindos.