Redescobrindo Bebidas de Boteco: De Cynar a Fogo Paulista

“Aiiihhhnnnn, Cynar?! Mas não é bebida de boteco?”. Sempre ouço isso quando falo que adoro uma tônica com amaro de alcachofra. Mas, gente, bartenders de bares top amam esse aperitivo e fazem coquetéis incríveis com ele. Muita gente nem liga, mas o mundo gira, né?

De Boteco a Chique

Campari, por exemplo, já foi visto como bebida de garota do job. Hoje, pedir um Negroni é super chique, mesmo que seja só para postar no Insta. E outros clássicos de boteco também têm chance de redenção, como Jurubeba, Paratudo, e Conhaque de Alcatrão São João da Barra. Diogo Sevilio, mixologista dos bares Xepa e Ó Pro Cê Vê, garante que sim.

“Há ótimos produtos classificados como ‘bebida de boteco’. O juízo de valor está mais atrelado ao preço e à fama popular do que às suas qualidades sensoriais”, diz Diogo, que estuda a cultura de bar do Brasil e incentiva o uso de ingredientes marginalizados.

Cynar

Cynar é um amaro italiano, com ervas, cascas, flores, sementes, frutas e especiarias maceradas no álcool. É um bitter potável, como Campari, que pode ser servido puro. Diogo explica: “Bitter potável é um licor amargo. O açúcar entra na composição para torná-lo mais palatável”.

Cynar tem notas herbais, toques defumados, terrosos, de café e achocolatados, equilibrando amargor e dulçor. A receita é secreta desde os anos 1940, criada por Angelo Dalle Molle. Hoje, pertence ao Grupo Campari. Cynar básico tem 20% de álcool, e Cynar 70, mais potente, tem 35%.

Investimento: R$ 30 (900 ml) e R$ 150 (1 litro).

Jurubeba Leão do Norte

Lançada em 1920 na Bahia, a Jurubeba Leão do Norte é um vinho macerado com botânicos. Diogo prefere ligá-la à tradição das garrafadas brasileiras. Tem perfil seco, amargor acentuado e toque anisado, com jurubeba, cravo, canela, boldo, genciana e quássia.

Investimento: R$ 30 (600 ml).

Conhaque de Alcatrão São João da Barra

“É um espetáculo!”, diz Diogo. Tem corpo, doçura acentuada e é ótimo para dar um toque defumado aos coquetéis. Nasceu em 1908 no Rio de Janeiro e ficou conhecido como “conhaque do milagre” por suas supostas qualidades medicinais.

Investimento: R$ 25 (900 ml).

Brasilberg

Brasilberg, antes Underberg do Brasil, nasceu em 1932 no Rio de Janeiro, com ervas amazônicas. “É um bitter de perfil bem alemão, seco e herbal”, diz Diogo.

Investimento: R$ 65 (920 ml).

Paratudo

Paratudo, de Minas Gerais, chama atenção pelo rótulo com indígenas e elefantes. Tem perfil menos seco, mais anisado e frutado. Feito com jatobá, anis, alecrim, cravo, canela, erva-doce, laranja amarga e ruibarbo, com base de fermentado de maçã e álcool etílico.

Investimento: R$ 20 (900 ml).

Fogo Paulista

Fogo Paulista, licor de ervas, é um produto da Dubar, empresa fundada em 1913. Leva alfazema, anis, menta, cravo, canela, mel e mais de 10 botânicos. Agrada a quem tem bico doce.

Investimento: R$ 35 (960 ml).

Cinzano e Martini

Cinzano e Martini são vermutes italianos que fundaram o Rabo de Galo, coquetel brasileiro. “São vermutes honestos, dignos e de qualidade”, diz Diogo. Cinzano nasceu em 1757 em Torino, e Martini em 1763. Hoje, Cinzano é fabricado na Argentina pelo Grupo Campari, e Martini no Brasil pela Bacardi Brazil.

Investimento: R$ 50 (Martini Rosso), R$ 45 (Cinzano Rosso) e R$ 200 (Cinzano 1757).

Fonte: https://www.uol.com.br/nossa/noticias/redacao/2025/04/04/do-cynar-ao-jurubeba-bebidas-de-boteco-tem-redencao-nos-bares-modernos.htm

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