Santorini: Beleza, Vinhos e Desafios na Ilha Grega

Santorini, no Mar Egeu, é um verdadeiro paraíso. Além de suas paisagens deslumbrantes, a ilha é famosa por produzir alguns dos melhores vinhos brancos do mundo, feitos com a uva assyrtiko. E é surpreendente: apesar da intensa luz solar que banha as videiras, os vinhos são extremamente ácidos e secos, com aromas de casca de limão siciliano, mel, pedras e um toque salino. Um verdadeiro tesouro que Dionísio, o deus do vinho, certamente se orgulha.

Combinação Perfeita

Os vinhos de assyrtiko fazem uma combinação perfeita com a culinária local, rica em peixes e frutos do mar, favas, tomates, alcaparras, queijo de cabra e berinjelas. Nada se compara a tomar uns goles de assyrtiko no terraço de um restaurante, protegido do sol, com vista para o mar que banha as Cíclades. (Digo isso tudo em teoria, pois nunca pus os pés na Grécia).

O videocast Vamos de Vinho desta semana tem como convidada Bianca Veratti, educadora de vinhos, que dá uma aula sobre os vinhos gregos e, especialmente, sobre os de Santorini.

Desafios da Produção

Produzir vinhos em Santorini não é nada fácil. As videiras dos melhores vinhos geralmente não se beneficiam de muita água, e em Santorini, a situação é extrema. Caem menos de 300 milímetros de chuva ao ano nos seus solos vulcânicos. O sol é de rachar, e os ventos são fortes.

Para se adaptar, os viticultores desenvolveram uma técnica peculiar chamada kouloura, que consiste em enrolar a videira rente ao chão, parecendo uma cesta. Isso protege as uvas do excesso de sol e vento, e faz com que as raízes de algumas plantas cheguem a mais de 400 anos de idade.

Apesar dessa técnica, a mudança climática tem ameaçado as colheitas na ilha, com secas e calor extremos reduzindo o rendimento de algumas safras.

Pressão do Turismo

A vitivinicultura em Santorini também enfrenta a pressão imobiliária. O turismo impulsiona o preço da terra, tornando mais lucrativo para os produtores vender suas terras do que manter as plantações. Estima-se que, em 20 anos, a área plantada tenha caído cerca de 30%.

Saideira

Esse tava bom
O Estate Argyros assyrtico 2020 é exemplar. Mineral, salino, longo, com um cítrico de casca de limão siciliano, tudo muito harmônico. Arrisco excesso de poesia, mas é como respirar o ar do Mar Egeu. Vem de uma vinícola símbolo dos vinhos de Santorini. A má notícia: custa mais de R$ 600 na importadora. E dá pra subir: os rótulos mais especiais dos assyrtikos secos da Estate Argyros, como o produzido com uvas do vinhedo Monsignori, se aproxima dos R$ 1.000. Mas é bom uma barbaridade.

Esse eu não sei
O vinho retsina, que remonta à Antiguidade, tem resina de pinheiro misturada ao líquido. Ainda é muito popular em tabernas gregas, mas ganhou má fama internacional. Em parte pela estranheza do sabor, mas também pela má qualidade de muitos produtos. Este, o Tetramythos Amphorae, não está nessa categoria. É feito por uma vinícola cuidadosa no Peloponeso. Usa a uva roditis em vez da mais comum savatiano. Fermenta em ânforas, algo que também remete à Grécia antiga. Nunca tomei, mas tenho curiosidade. Custa cerca de R$ 190 na importadora.

Fonte: https://www.uol.com.br/nossa/colunas/vamos-de-vinho/2025/06/01/vinho-de-santorini-faz-jus-a-beleza-da-ilha.htm

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