Skiplagging: O Truque de Passagem Aérea que Está Incomodando as Companhias

Gente, vocês já ouviram falar de skiplagging? É um truque para economizar na passagem aérea que tem tirado o sono das companhias aéreas!

O termo em inglês descreve uma estratégia bem simples: ao invés de comprar uma passagem direta para o seu destino, você compra um bilhete para outro lugar, mais barato, mas que faz escala onde você realmente quer ir. Aí é só desembarcar na escala e não embarcar no trecho final. Fácil, né? Mas claro, isso só funciona se você não despachar malas, porque elas só podem ser retiradas no destino final.

Por exemplo: quer ir de Boston para Houston? Compre uma passagem de Boston para Las Vegas com escala em Houston, que sai mais em conta que o voo direto. Aí é só desembarcar em Houston. Parece lógico, mas as companhias aéreas proíbem e até punem essa prática.

Por que voos diretos para alguns lugares são mais caros?

As companhias aéreas não regulam os preços pela distância, mas pelo mercado. Se uma companhia tiver um concorrente de baixo custo naquela rota, ela vai equiparar os preços. Se não houver concorrência, ela cobra mais. Tudo depende da concorrência, e é por isso que alguns destinos são mais baratos que outros.

Por exemplo, Boston-Las Vegas é uma rota de lazer e mais sensível ao preço. Já Boston-Houston é um mercado empresarial, o que significa tarifas mais altas. Faz todo sentido econômico cobrar tarifas mais baixas na rota Boston-Las Vegas, mesmo sendo mais longe que Houston, especialmente se a concorrência estiver cobrando US$ 199 por um voo sem escalas.

Por que as aéreas odeiam o skiplagging?

Quando um passageiro usa esse truque, as companhias não conseguem receber pelo valor de mercado daquele assento. Se tivessem vendido a passagem para a rota realizada pelo passageiro que ‘desceu antes’, teriam recebido uma tarifa mais alta. Ou seja, o lucro diminui em um negócio que já tem margens reduzidas.

Mas vale lembrar que muitas companhias praticam overbooking, vendendo mais passagens do que assentos disponíveis, porque sabem que alguns passageiros não vão aparecer. Então, nem sempre o assento fica vazio no trecho final.

Quem são os ‘skiplaggers’ e por que eles são uma dor de cabeça?

Os passageiros que costumam ‘saltar antes’ são geralmente os viajantes mais experientes, que são os melhores clientes das companhias. E por isso é ainda mais complicado combater a prática. Se uma empresa decidir colocar os praticantes do skiplagging em uma lista e impedi-los de voar, estará abrindo mão de sua melhor clientela.

Aktarer Zaman, engenheiro que fundou o site Skiplagged em 2013, onde disponibiliza informações sobre as melhores ofertas para as chamadas ‘cidades ocultas’, revelou que cerca de 25 mil pessoas usam o truque pela sua plataforma mensalmente. Ele até dá dicas para escapar do radar das empresas, como não usar a mesma companhia duas vezes seguidas.

Não à toa, ele já foi processado pela United Airlines, American Airlines e Southwest Airlines. Mas suas dicas têm defensores, que acreditam que as companhias estão recebendo pelos bilhetes conforme foram disponibilizados e, só porque um cliente fez uma compra, não é obrigado a usar o produto. Tanto que um financiamento coletivo arrecadou mais de US$ 80 mil para a sua defesa contra o processo da United, em 2015, que a empresa perdeu.

O que pode acontecer com quem pratica o skiplagging?

As companhias já utilizam medidas para conter os passageiros que realizam skiplagging, seja pelo monitoramento de viajantes frequentes ou itinerários incomuns. Algumas também empregam funcionários que aguardam o desembarque dos passageiros e os acompanham até o portão de embarque do próximo trecho.

Segundo especialistas, quem tenta abandonar um voo em uma conexão pode ser impedido de sair do aeroporto caso seja descoberto ou ser obrigado a comprar uma passagem de volta de última hora que custa mais do que o valor que estava tentando economizar. Agências que auxiliem nestas vendas também podem pedir sua autorização de emissão de bilhetes para aquela companhia.

Caso não haja flagra, você pode receber uma carta da empresa discriminando punições, como a perda de suas milhas acumuladas em programas de fidelidade. As aéreas podem, mesmo que seja inconveniente, compartilhar os nomes dos passageiros que realizam skiplagging com seus parceiros e bani-los. Em 2019, a aérea alemã Lufthansa processou um passageiro que pulou um trecho da passagem e pediu uma indenização de mais de US$ 2 mil.

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