Tarifa de Trump Pode Secar Xícaras de Café Americano

Vamos falar de café, galera! O Brasil é o maior produtor e exportador de café do mundo. E os EUA são os maiores consumidores, comprando 17% de todo o café que exportamos. Isso significa que um terço do café nas xícaras americanas vem daqui. Em 2024, os EUA importaram US$ 1,9 bilhão em café brasileiro, sendo o quarto maior item de exportação do Brasil. Nos primeiros cinco meses de 2025, foram três milhões de sacas.

Impacto das Tarifas

Segundo a Reuters, uma tarifa de 50%, proposta pelo governo Trump sobre todas as importações brasileiras a partir de agosto, pode interromper completamente os novos embarques de café brasileiro para os EUA. Isso é uma ameaça real às jarras de café que os americanos desfilam diariamente.

Em termos práticos, as cerca de 400 milhões de xícaras de café consumidas por dia nos EUA podem secar de uma hora para outra, já que a produção nacional, concentrada no Havaí, é ínfima diante do padrão de consumo do país.

Desafios para Exportadores e Torrefadores

Os exportadores brasileiros não têm como arcar com essa taxa. E os torrefadores americanos, que já operam com margens mínimas, também não teriam como absorver o custo adicional, que seria repassado a eles. Isso causaria uma reorganização global: o Brasil teria que buscar novos mercados, enquanto os EUA passariam a importar mais de países como Colômbia, Vietnã e Honduras, se Trump não aplicar tarifas a esses também.

Negociações desse tipo não acontecem da noite para o dia, o que agrava ainda mais o cenário, com o tarifaço previsto para agosto.

Qualidade do Café Brasileiro

É difícil substituir o sabor que o Brasil oferece, não apenas pelo volume, mas pela variedade. Mesmo quando outros países entram na mistura, o café brasileiro costuma estar presente nos blends para garantir notas sensoriais às quais os consumidores já estão acostumados.

Países como o Vietnã, segundo maior produtor global, cultivam majoritariamente robusta, uma variedade considerada menos nobre que o arábica, predominante no Brasil. Além disso, o Brasil também produz robusta, o que amplia a versatilidade da nossa oferta.

Impacto nos Preços

O impacto nos preços também seria inevitável. O Brasil oferece um custo-benefício superior ao de outras origens, geralmente mais caras. As novas tarifas não só bagunçariam o mercado nas bolsas globais de café, como também onerariam diretamente o consumidor final.

Grandes compradores já contam com contratos fechados com antecedência e podem se proteger no curto prazo, mas o setor como um todo enfrentará incertezas e possíveis rupturas nas cadeias de abastecimento.

Preços Subindo

Na outra ponta da cadeia, o consumidor verá os preços subirem ainda mais. Em 2024, os preços do café nos EUA saltaram até 70%. Só o anúncio da tarifa do governo Trump fez os mercados futuros do arábica subirem 1,3%. Projeções do Instituto de Pesquisa em Política Econômica da Universidade de Stanford, publicadas pelo New York Times, indicam que, se a tarifa de 50% for aplicada, o aumento real pode ser de até 25 centavos por xícara em apenas três meses.

Ou seja, nada de bom à vista para quem só quer acordar e tomar seu café. A previsão envolve risco de escassez, especulação e aumento de preços, especialmente para os americanos.

Por enquanto, Trump, que prefere sempre sua Diet Coke a um expresso ou americano quente, parece disposto a amargar a xícara de muita gente.

Fonte: https://www.uol.com.br/nossa/colunas/rafael-tonon/2025/07/17/acabou-o-cafe-americano-como-tarifaco-de-trump-pode-secar-xicaras-nos-eua.htm

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