Telma Shimizu: Uma Jornada de Autenticidade e Superação na Culinária Japonesa

Telma Shimizu está vivendo sua melhor versão. Seu sobrenome agora é o de sua família, não mais o de casada. Telma é a primogênita e primeira neta de seus avós japoneses, sempre sendo um modelo de inspiração e força.

Influências Familiares

Sua avó paterna, que morava em Atibaia, era a responsável por cuidar e alimentar a família. Telma lembra com carinho das noites em que a avó cozinhava para todos. “Sempre tinha coisas diferentes na cozinha dela, de sushi a conservas. Eu ficava fascinada”, conta a chef, sentada descalça no tatame de seu restaurante Aizomê, nos Jardins.

Já sua avó materna era uma intelectual, sempre fugindo das tarefas domésticas para ler e escrever haikais. Telma trouxe ambas as influências para sua cozinha.

Quase Médica, Muito Artista

Desde pequena, Telma era uma leitora assídua e misturava referências de livros clássicos e de receitas. Ela também aprendeu a tocar piano e tinha uma forte conexão com a natureza, graças às visitas ao Mercado de Pinheiros com seu pai.

Quando chegou a hora de decidir sua carreira, Telma pensou em jornalismo, mas acabou entrando na medicina da USP, o sonho da família. No terceiro ano, percebeu que não era para ela. “Você vê o pior do sofrimento humano”, relembra. Tentou ciências moleculares, mas descobriu que a pesquisa não era sua praia. “Acho que sou artista mesmo”, concluiu.

As Vidas de Telma

Trabalhando com o estilista Fause Haten, Telma viu o auge da moda brasileira e a efervescência criativa da São Paulo Fashion Week. “A gente fez o primeiro desfile internacional com a Gisele Bündchen”, lembra.

Depois de 10 anos como dona de casa e mãe de família, Telma começou a organizar eventos de moda, onde ocasionalmente apresentava seu talento na cozinha. Isso a incentivou a fazer cursos livres e, em 2007, nasceu o Aizomê.

Um Coração Binacional

Telma insistiu que seu restaurante fosse autêntico, valorizando pescados locais e técnicas tradicionais de sushi Edomae. “A culinária japonesa tinha estourado no Brasil, mas com um modelo americano. Eu queria algo conectado às minhas raízes”, explica.

Após quatro anos, Telma se viu sozinha no comando do Aizomê, enfrentando preconceitos por ser uma mulher na liderança. Mas ela resistiu e consolidou o restaurante como um exemplo de culinária japonesa bem feita.

Em 2018, Telma recebeu o Diploma de Honra ao Mérito pela Difusão da Culinária Japonesa e, no ano seguinte, o título de Embaixadora para Difusão da Cultura e Culinária Japonesa.

A Liberdade Além da Liberdade

Telma explora produtos do Cinturão Verde de São Paulo, pescados de Cananeia e ostras de Santa Catarina. Ela também está abrindo um restaurante no bairro da Saúde, voltado para a população idosa, com opções ainda mais saudáveis.

Até setembro, Telma estará em uma imersão na cultura e culinária paraense, estudando a comunidade de Tomé-Açu, que abriga a terceira maior colônia japonesa do Brasil.

Em Busca Sempre

Telma acredita que o Japão está sempre em movimento, ditando tendências sem perder o passado. “O Japão é muito dinâmico, olha para o futuro, mas sem perder o passado”, avalia.

Ela quer fazer todos os outros 99% da culinária japonesa que ninguém conhece. “Quero fazer todos os outros 99% da culinária japonesa que ninguém faz ou conhece”, diz.

Telma também planeja abrir uma escola de culinária japonesa, onde ela mesma nunca para de estudar e se encantar. “Cada vez que vou ao Japão, é uma coisa diferente. É a filosofia do kaizen, melhoria contínua”, conclui.

Fonte: https://www.uol.com.br/nossa/noticias/redacao/2025/08/29/telma-shimizu-quer-mostrar-que-japao-brasileiro-nao-e-so-sushi-e-liberdade.htm

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