Gente, vocês já viram aquele teste de azeite que tá bombando nas redes? A ideia é colocar um pouco de azeite no congelador e ver se ele congela. Se congelar, seria um sinal de que o azeite é de boa qualidade. Mas será que é isso mesmo?
O Teste Realmente Funciona?
Óleos vegetais têm uma composição química que permite o congelamento a baixas temperaturas. Eles são basicamente compostos por três ácidos graxos, e o que diferencia um óleo do outro é a proporção dessas moléculas.
O azeite de oliva é rico em ácidos graxos monoinsaturados, diferente do óleo de soja, que é rico em ácidos graxos polinsaturados. Essas moléculas distintas conferem propriedades variadas a esses produtos, e cada óleo vegetal terá uma temperatura de congelamento própria.
Ricardo Ongaratto, engenheiro de alimentos e professor da UFRJ
Azeites, por exemplo, podem congelar em temperaturas entre 0ºC e 6ºC. Então, a expectativa é que o azeite de oliva realmente congele quando colocado nessas temperaturas.
Mas muitos fatores influenciam nesse congelamento. A variedade das olivas e a temperatura da geladeira do consumidor podem determinar se o produto vai congelar ou não.
O método do congelamento não é preciso, mas pode ser um indicativo. Um óleo vegetal pode não congelar a 6ºC, mas pode ficar sólido a 0ºC. Tudo depende da composição química.
Ricardo Ongaratto, engenheiro de alimentos e professor da UFRJ
Assim, o teste pode dar indicativos, mas não é preciso. Com as ferramentas que temos em casa, não dá pra garantir a qualidade do azeite só com esse teste.
Existem algumas características próprias do azeite, como a cor mais esverdeada e o sabor característico. Testes como o de congelamento dão alguns indicativos, mas não são precisos.
Ricardo Ongaratto, engenheiro de alimentos e professor da UFRJ
E o que fazer?
É praticamente impossível identificar um óleo de oliva falsificado só pela embalagem. Depois de aberto, a adulteração pode ser percebida, mas nem sempre é fácil. Alguns cuidados na hora da compra podem ajudar você a não cair em ciladas. Confira as dicas a seguir.
Dicas para Escolher um Bom Azeite
Sempre compre o produto em lojas e supermercados confiáveis para reduzir o risco de levar um alimento adulterado.
Desconfie de promoções tentadoras. O óleo de oliva não é barato de produzir, então preços muito baixos podem ser sinal de fraude.
Cheque o país de origem e de envasamento. O ideal é comprar um azeite produzido e envasado no mesmo país, de preferência pelo mesmo produtor. Isso reduz o risco de fraude.
Confira os selos de denominação de origem. Eles garantem a procedência do produto e que o óleo de oliva esteja dentro das regras de cultivo e produção. Os selos mais comuns são o DOP (Espanha, Itália e Portugal) e o PDO (Grécia).
Prefira os feitos com um tipo só de azeitona. Cada tipo de azeitona, como arbequina, coratina e galega, dá características únicas ao azeite.
Prefira garrafas escuras ou opacas. O azeite se preserva melhor em garrafas que minimizam a entrada de luz.
Analise a data do envase ou extração. O frescor do azeite é crucial. Quanto mais recente a data de envase, melhor. Idealmente, busque a data de extração.
E ao Abrir a Garrafa?
Alguns sinais podem indicar que o azeite foi fraudado, está velho ou contém outros óleos:
- Cheiro rançoso ou de mofo
- Sabor metalizado
- Sedimentos escuros no fundo da garrafa
As principais características sensoriais de um azeite extravirgem de qualidade são:
Não pode ter “cheiro de óleo de cozinha”, deve ser bem perfumado. As notas aromáticas devem ser herbáceas, como cheiro de grama recém-cortada ou de couve.
No paladar, deve ter elementos frutados, vivos e frescos, pungência e amargor. Esse perfil sensorial garante os componentes de saudabilidade natural do produto.
Azeite não é tudo igual
Nos mercados, é mais comum encontrarmos dois tipos de azeite:
Extravirgem: tem acidez menor que 0,8%. É extraído mecanicamente, a frio, na primeira prensagem das azeitonas, preservando quase todas as propriedades nutricionais e de qualidade do óleo.
Tipo único: tem acidez máxima de 1%. Passa por refinamento químico para remover defeitos de aroma, cor e acidez, podendo ter na mistura azeite virgem, extravirgem ou óleo de bagaço de oliva.
Anvisa Proibiu 2 Marcas
A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) proibiu a comercialização de azeites de duas marcas diferentes. A decisão foi publicada no Diário Oficial da União.
Azeites das marcas Serrano e Cordilheira foram proibidos. A produção era realizada por órgãos desconhecidos no Brasil, sem CNPJ e local de fabricação, o que é ilegal. Todo o azeite dessas marcas está proibido de ser comercializado, fabricado, distribuído, importado e consumido.
*Com informações de reportagem publicada em 08/03/2024