Tragédia no Mar: Velejador Catarinense Morre em Naufrágio

Era para ser uma velejada comum para David Reiser, um experiente velejador catarinense de 39 anos.

Mas, no último sábado, uma rajada de vento virou seu pequeno veleiro de 3,5 metros ao contornar uma das boias na entrada do canal do porto de Itajaí. David havia dito aos amigos que ia “só dar uma velejadinha e logo voltava”. Infelizmente, ele não voltou vivo.

O Naufrágio

Quando seu corpo foi resgatado quase quatro horas depois, ele já estava morto, provavelmente devido à hipotermia causada pela água fria de 13 graus, seguida de perda de consciência e afogamento.

Por que isso aconteceu, se ele estava tão perto da praia e era tão habituado à vida no mar, inclusive já tendo sido salva-vidas?

Não Quis Abandonar o Barco?

Vinicius Santini, ex-presidente da Associação Náutica de Itajaí e amigo de David, acredita que ele não quis abandonar o barco no mar. “Acho que ele não quis correr o risco de perder o barco”, diz Santini. “E também acho que ele tinha certeza que logo seria resgatado, já que havia passado sua localização pelo WhatsApp. Só que o socorro não chegou rápido, e ele deve ter perdido a consciência e morrido afogado.”

Homenagem de Despedida

Santini atribui a morte de David à negligência de velejar sozinho, sem barco de apoio, perto do final do dia e sob condições climáticas desfavoráveis. Ele também critica a operação de socorro dos bombeiros, que demorou e estava mal equipada. “O preço disso foi uma morte que poderia ter sido evitada”, lamenta Santini.

Agora, ele tenta tirar uma lição da tragédia: melhorar as condições de resgates no mar na região de Itajaí. “Vamos fazer uma reunião com as autoridades marítimas para tentar melhorar isso, de forma que outros casos como esse não mais aconteçam.”

Uma homenagem será realizada no próximo sábado, onde amigos e membros da Associação Náutica de Itajaí prestarão um minuto de silêncio e partirão em flotilha até o local do acidente.

Gravou Vídeo Minutos Antes

David Reiser era um velejador experiente, também praticante de kitesurf, mergulhador, engenheiro, carpinteiro, artesão e instrutor voluntário da Associação Náutica de Itajaí. Minutos antes de morrer, ele gravou um vídeo enquanto velejava sob condições difíceis, dizendo que “queria ver se o barco aguentava o tranco”. Parecia tranquilo e seguro de si.

WhatsApp com Sua Localização

Já na água e com o barco virado, David vestiu o colete salva-vidas e fez contato via WhatsApp, enviando sua localização precisa no mar. Parecia claro que o resgate chegaria rápido, mas o mau tempo e as condições difíceis de navegação impediram que o primeiro barco enviado pelos amigos conseguisse sair da barra do porto. Eles retornaram para buscar um barco maior e informaram isso a David, que continuava acessando o WhatsApp sem demonstrar pânico.

Quando a segunda tentativa foi feita, David já não respondia. Seu corpo foi encontrado às nove da noite, após mais de três horas de buscas, já no município vizinho de Penha, próximo ao casco do barco emborcado.

Como Ele Não Se Salvou?

Quatro dias depois, os amigos de David ainda se perguntam como ele não se salvou. Ele era experiente, conhecia bem o barco e a região, estava a pouco mais de dois quilômetros da praia e tinha dois meios de comunicação para pedir ajuda. Mesmo assim, ele morreu – ao contrário de outros náufragos que conseguiram sobreviver com recursos bem mais escassos.

Um exemplo recente é o do pescador americano John Aldridge, que sobreviveu a uma queda acidental no mar graças a uma improvável combinação de fatores. Ao contrário da história de David, a de Aldridge teve um final feliz.

Fonte: https://www.uol.com.br/nossa/colunas/historias-do-mar/2025/09/10/o-que-matou-o-experiente-velejador-que-morreu-bem-perto-da-praia-em-sc.htm

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