Veneza é famosa por seu charme romântico, mas enfrenta um problema sério: a cidade está afundando. Construída sobre estacas de madeira, Veneza afunda um pouco mais a cada ano. Para evitar um desastre, um projeto inovador pretende elevar o subsolo da cidade em até 30 centímetros.
O Problema do Afundamento
Segundo o Royal Museums Greenwich, do Reino Unido, o solo de Veneza afunda cerca de 1 milímetro por ano devido a processos naturais. Além disso, o aumento do nível do mar ameaça a cidade. Até 2100, o nível médio do mar pode subir entre 17 e 120 centímetros.
A lagoa veneziana tem mais de 500 quilômetros quadrados, mas sua profundidade média é de apenas um metro. A Praça de São Marcos, por exemplo, está apenas 55 centímetros acima do nível atual do mar, tornando-a vulnerável a marés altas.
Sistema Mose: A Primeira Defesa
Para combater as inundações, Veneza conta com o sistema Mose, um complexo de barreiras móveis que protege a cidade. Desenvolvido ao longo de décadas, o sistema já custou US$ 6 bilhões ao governo italiano. As barreiras foram testadas pela primeira vez em 2020 e ajudam a controlar as inundações.
Em outubro de 2023, o sistema Mose impediu uma inundação que poderia ter elevado a água em Veneza entre 135 e 140 centímetros. As barreiras reduziram esse volume para 75 centímetros.
Desafios Futuros
Apesar do sistema Mose, as mudanças climáticas continuam a aumentar o nível do mar. Marés maiores que 110 centímetros já ocorreram mais de 150 vezes nas últimas duas décadas, e as barreiras foram acionadas cerca de 100 vezes em menos de cinco anos.
Uma Solução Inovadora
Especialistas buscam novas soluções. Pietro Teatini, professor de hidrologia e engenharia hidráulica na Universidade de Pádua, propõe bombear água para o subsolo de Veneza. Segundo ele, isso elevaria o solo da cidade.
O plano de Teatini envolve injetar água em aquíferos específicos, localizados entre 600 e mil metros de profundidade. Para isso, seriam perfurados cerca de 12 poços ao redor de Veneza, formando um círculo de 10 quilômetros de diâmetro.
Como Funciona
Os poços seriam instalados na lagoa, sem ultrapassar os limites com o mar ou o continente. A espessa camada de argila sob a lagoa impediria que a água injetada voltasse à superfície.
Teatini explica que o primeiro poço teria 20 centímetros de diâmetro e seria colocado a um quilômetro de profundidade. Um filtro e uma bomba injetariam a água, que se infiltraria no solo do aquífero, elevando o solo ao redor.
Desafios e Esperanças
Se o bombeamento de água for interrompido, o solo volta a ceder. Teatini sugere misturar aditivos à água para manter o solo expandido.
Fonte: https://www.uol.com.br/nossa/noticias/redacao/2025/05/17/veneza.htm